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quarta-feira, 10 de março de 2010

COMO O CRACK MATA

Uma droga de rápida absorção, prazer efêmero e devastadora para o organismo. Forma menos pura da cocaína, o crack causa danos ainda maiores ao corpo humano pela velocidade e potência com que seus componentes chegam ao pulmão e ao cérebro. Hipertensão, problemas cardíacos, acidente vascular cerebral (AVC) e enfisema são alguns dos efeitos do seu consumo. Apesar de todos esses males, a violência e o vírus HIV ainda são apontados como as principais causas de morte dos usuários de crack.


O psiquiatra Fernando Madalena Volpe - que fez um estudo sobre a relação entre a vasculite cerebral e o uso de cocaína e crack - explica que o crack provoca uma má circulação aguda, o que deixa os usuários mais suscetíveis a problemas que podem acometer órgãos nobres, como o cérebro e o coração. Ele ressalta, no entanto, que o risco de o usuário ter tais disfunções ocorre independentemente da dose consumida:

''No senso comum, diz-se que todo mundo que morre após consumir drogas foi por overdose, o que transmite a mensagem de que apenas se usar demais é que se pode morrer por causa da droga. Isto é um mito, pois mesmo com doses usuais, um indivíduo pode sofrer infartos cerebrais ou cardíacos. Até mesmo na primeira cheirada ou pipada.'', Conta.

Segundo Volpe, o AVC pode acontecer até mesmo depois de o usuário ter parado de usar a droga por um tempo, pois ele pode ter desenvolvido uma inflamação crônica das pequenas artérias, chamada de vasculite.

O pulmão é outro órgão seriamente atingido pelas substâncias do crack. A fumaça do crack gera lesões nos pulmões que causam problemas respiratórios agudos, tosse e dores no peito: em seis meses de uso, já pode ter o enfisema. O usuário aspira uma fumaça quente, que chega aos pulmões em alta temperatura. O usuário queima a boca, os dedos, as vias aéreas e o pulmão. Em alguns casos, chegam a ser feitas feridas, úlceras junto ao lábio pela alta temperatura do cachimbo ou da latinha.

Violência é a principal causa de morte entre usuários de crack

O emagrecimento repentino também é um dos efeitos do crack porque o organismo passa a funcionar em função da droga, e o dependente mal come ou dorme. Assim, os casos de desnutrição são comuns. A pessoa só para por exaustão. O uso do crack altera o centro da fome: há uma hiperdosagem de neurotransmissores, e a pessoa não sente necessidade de outras coisas.

Apesar do efeito devastador que o crack causa no organismo, a violência ainda é a principal causa de morte entre os usuários da droga. Uma pesquisa realizada na década de 90 com pacientes que se internaram em um serviço de desintoxicação, em São Paulo, mostrou que, após cinco anos, 56,6% das mortes por crack foram homicídios. O segundo maior fator foi o vírus HIV, que causou 26,1% dos óbitos. Menos de 10% dos pacientes morreram de overdose.

A morte por violência é a mais comum. Mas, é preciso que o Sistema Único de Saúde (SUS) passe a fazer exames toxicológicos para que os números reais apareçam e possam gerar estudos. Nos prontos-socorros, você não sabe porque a pessoa está tendo um AVC. Não tem protocolo para se identificar o usuário de droga.

Embora uma overdose ou o uso contínuo de crack não necessariamente mate, pode deixar sequelas que vão desde problemas neurológicos, cefaleias, alterações na marcha e até distúrbios na fala.

“Nunca experimente o crack - Ele causa dependência e mata”. Esse é o slogan da Campanha Nacional de Alerta e Prevenção do Uso de Crack lançada pelo Ministério da Saúde para prevenir o consumo da droga. A peça está sendo veiculada em mídias de todo o país. O alvo são jovens de 15 a 29 anos, de todas as classes sociais. A meta é alertar sobre os riscos e conseqüências do consumo do crack, um derivado da cocaína.

A veiculação da campanha seguirá até o dia 31 de janeiro.

De forma complementar, a campanha também terá material informativo sobre as opções de tratamento oferecidas no Sistema Único de Saúde (SUS). A partir desta quarta-feira, será disponibilizado mais um instrumento para dar suporte ao familiar e ao usuário da droga: o Disque Saúde (0800 61 1997) terá um ramal exclusivo para informações sobre o crack e orientações para tratamento dos usuários na rede do SUS, com profissionais especialmente treinados.

O número será divulgado nas peças publicitárias da campanha e em grandes adesivos, que serão afixados em orelhões públicos nas principais cidades brasileiras, a partir de janeiro. As chamadas “cracolândias” – regiões onde usuários e traficantes de crack se concentram nas cidades – serão os locais prioritários de afixação desses adesivos.

Usários potenciais

“A campanha faz parte de um conjunto de medidas tomadas antes da expansão do crack no país. O Ministério assume o protagonismo do combate à droga, entendendo que o problema ultrapassa a esfera da saúde”, explicou José Luiz Telles, diretor do Dapes (Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas) do Ministério da Saúde.

“É uma postura crítica frente ao tema. A droga é barata; por isso, atinge principalmente os jovens das camadas mais baixas. Mas não se enganem, qualquer jovem é considerado um usuário em potencial", disse Telles.

Os consumidores de crack são expostos a riscos sociais e a diversas formas de violência. Geralmente, quando os efeitos da droga diminuem no organismo da pessoa, ela sente sintomas de depressão e tem sensação de perseguição. Outros sintomas comuns são desnutrição, rachadura nos lábios, sangramento na gengiva e corrosão dos dentes; tosse, lesões respiratórias e maior risco para contrair o vírus HIV e hepatites.

A droga surgiu nos Estados Unidos na década de 80, e é derivada das sobras do refino da cocaína. Geralmente vendida em pedras, nenhuma outra droga tem tanto poder de criar dependência. Apesar de ser menos consumida que outras substâncias, como álcool, tabaco, maconha e cocaína, os danos causados pelo crack são muito mais graves segundo especialistas.

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