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domingo, 28 de março de 2010

CHÁ DO SANTO DAIME - ayahuasca (HOASCA OU VEGETAL) - DIMETILTRIPTAMINA (DMT)

Revista Veja - Por Natalia Cuminale

Ao liberar o uso do chá da ayahuasca para fins religiosos, no começo deste ano, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad) também reconheceu, ao menos implicitamente, que o consumo do alucinógeno é arriscado. Daí a existência, na mesma resolução, de regras como a proibição de que pessoas com histórico de transtornos mentais ou sob efeito de bebidas alcoólicas ou outras substâncias psicoativas ingiram a droga, e a obrigatoriedade de que as seitas do Daime "exerçam rigoroso controle sobre o sistema de ingresso de novos adeptos". Faltou, no entanto, o mais importante: prever os mecanismos para que essas regras sejam implementadas com alguma eficácia. Quem fiscaliza as seitas para saber se elas estão controlando o ingresso dos novos adeptos? Quem identifica os portadores de transtornos mentais - os líderes religiosos? Quem será responsabilizado caso a resolução não seja seguida? Fazer essas perguntas às autoridades leva, hoje, a um série de contradições... alucinante.

Segundo Paulo Roberto Yog de Miranda Uchôa, chefe da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) - que exerce a função executiva do Conad –, a fiscalização acerca do uso do chá cabe tanto "às instâncias que congreguem as entidades usuárias" (ou seja, entidades como Cefluris e a União Vegetal, que têm vários templos espalhados pelo país) como "aos diversos órgãos da administração pública, conforme suas competências específicas". Vladimir de Andrade Stempliuk, coordenador-geral do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas, subordinado ao Senad, é mais específico: "Compete aos diversos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas a fiscalização e a imposição de medidas legais caso estas sejam pertinentes", explica. Dessa forma, se tornariam responsáveis, por exemplo, o próprio Conad e, indiretamente, entidades como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Polícia Federal (PF), que compõem o Conselho Nacional.

Mas nem todos entendem assim. Procurada pela reportagem, a Anvisa afirmou que a ayahuasca não faz parte da lista de substâncias que caem sob seu controle. Já o Ministério da Saúde encaminhou a reportagem para o Conad, alegando com razão ter sido esse órgão "quem regulamentou o uso religioso dessa bebida no Brasil". Igualmente, o Ministério Público Federal, apontou para o Conad. Os promotores, contudo, podem agir caso haja descumprimento da fiscalização. Ainda segundo o MPF, "nenhum procedimento nesse sentido" está registrado na base de dados da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC).

A resolução do Conad recomenda ainda que a produção da bebida seja auto-sustentável, veta seu comércio e propaganda do composto e estabelece que o cultivo e o transporte só devem ocorrer para fins religiosos. Mas quem, de fato, fiscaliza a produção e comércio dessas plantas? A Polícia Federal, por exemplo, alega que sua função se restringe ao controle do DMT (n-dimetiltriptamina), a substância alucinógena do chá da ayahuasca. "Se isolado, o DMT passa a ser droga proibida, portanto conduzi-la ou comercializá-la será crime a ser enquadrado na lei contra uso e tráfico de entorpecentes", explica em nota. Fiscalizar o plantio da erva-rainha ou do cipó-jagube, dos quais são extraídos o DMT, portanto, não seria atribuição da PF.

Buracos na lei - Para os juristas, os furos no sistema criado pela resolução do Conad são gritantes. "O poder público pecou em não regulamentar mais clara e objetivamente o uso do chá", diz o advogado criminalista André Alves Wlodarczyk. Ao que o advogado constitucionalista João Wiegerinck acrescenta: "Por eliminação, percebemos que a fiscalização só será feita quando provocada: quando alguém passar mal ou surtar com a bebida. Obviamente, é uma falha." Não há dúvida de que a própria entidade religiosa que faz uso do chá poderá ser responsabilizada em caso de dano a um fiel, se não forem observadas as orientações da resolução do Conad. "A igreja tem o dever de indenizar, se for provado que ministrou sem os cuidados que a resolução determinava", diz Wlodarczyk. Pode, em tese, vir a ser o caso da Céu de Maria, seita fundada pelo cartunista Glauco e onde seu assassino, Carlos Eduardo, bebia o daime. Isso porque, Carlos Grecchi, pai de Carlos Eduardo, afirma ter pedido a Glauco que parasse de dar o daime ao filho em 2007. Não teria sido atendido.

Saúde pública – A resolução também é criticada por profissionais da saúde pública. Ela entrega aos próprios religiosos a responsabilidade de dizer quem está apto a tomar ou não o chá. Mas essa deveria ser uma tarefa de psicológos ou psiquiatras. Segundo Dartiu Xavier da Silveira, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente do Grupo Multidisciplinar de Trabalho do Conad, "o uso do chá é arriscado para pessoas que tomam antidepressivos e é contra-indicado a pessoas com diagnóstico de psicose, já que aumenta muito a produção de certas substâncias no cérebro". Para ele, o Conad deveria desenvolver algum tipo de instrumento para aferir se as entidades religiosas estão realizando o questionário ou não. "A falta de fiscalização pode levar o aparecimento de vários casos graves”, diz Silveira.

Preocupado com as brechas deixas pela resolução do governo sobre o daime, o psiquiatra Emmanuel Fortes, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) e novo representante do órgão no Conad, acredita que o atual estado de coisas pode desaguar em um problema de saúde pública. "É uma temeridade. As pessoas não saem por aí dizendo se têm doença mental ou não. Isso merece uma reflexão por parte do Conselho Federal de Medicina", diz, criticando abertamente a capacidade de as entidades religiosas decidirem quem pode ou não tomar o chá. "Com a ampliação e o crescimento organizado de novas seitas, os casos de efeitos colaterais indesejados e o agravamento de estados psíquicos começarão a aparecer", acredita Carlos José Renaut Filho, psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que presta consultoria a uma entidade daimista no Rio de Janeiro.




Ação terapêutica da ayahuasca divide opiniões de especialistas - Por Equipe AE



 Há argumentos e argumentadores de peso para os dois lados da questão: aqueles que apostam na ação terapêutica da ayahuasca - também chamada de hoasca e vegetal - e os que defendem os riscos que ela, usada por várias linhas religiosas no Brasil, poderia provocar à saúde. "É uma substância com propriedades alucinógenas, que promove mudanças químicas no cérebro, levando a distorções no sistema senso perceptivo do indivíduo, ou seja, na capacidade de sentir, ouvir, ver", explica o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo e PhD em Dependência Química. "É complicado afirmar que um alucinógeno é completamente inócuo para o cérebro."

As alucinações desencadeadas pelo chá - que no ambiente religioso são chamadas de mirações e têm o objetivo de promover o autoconhecimento - se devem à ação da dimetiltriptamina (DMT), substância presente nas folhas da chacrona, um das plantas do chá. "A hoasca, assim como a maioria de outros alucinógenos, como LSD e ecstasy, não tem grande risco de dependência. O problema é o risco de dano cerebral associado, já que se trata de uma substância que desregula o cérebro", comenta Laranjeira. "É muito difícil dimensionar qual é o efeito disso mediante um uso crônico ou em pessoas predispostas a desenvolver quadros mentais, como é o caso de filhos de pais com esquizofrenia."

A interação entre os efeitos provocados pela hoasca e outros elementos que interferem na química cerebral, como os quadros psiquiátricos, veio à tona no último dia 12, quando o estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes - que tem histórico de esquizofrenia na família e, além de ingerir hoasca, era consumidor de drogas - assassinou o cartunista Glauco Villas Boas. "Nem sempre uma predisposição genética para quadros psiquiátricos é tão facilmente reconhecida. E também não é possível mensurar qual será o grau de suscetibilidade de cada um à substância", diz. Para Laranjeira, o consumo seria contraindicado sobretudo para as crianças.

Em janeiro passado, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad) publicou no "Diário Oficial" a regulamentação para o uso da ayahuasca no Brasil com fins ritualísticos, inclusive por crianças. Em algumas comunidades há batismos de bebês com o vegetal, ministrado em conta-gotas. "Para mim, não deveria ser permitido em crianças. Nelas, o ideal é se evitar ao máximo qualquer substância diferente, até mesmo medicamentos, para minimizar o risco de intoxicação. Em uma vida psíquica se cristalizando, é difícil saber as consequências", declara o médico Elisaldo de Araújo Carlini, diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas. "A liberação, contudo, baseou-se em estudos com crianças que usavam a hoasca. Constatou-se que não havia alterações importantes entre elas", conta.

Apesar de ver com cautela o uso da hoasca por crianças, o profissional não contra-indica a prática dos rituais com o chá. "Tudo depende do meio em que se toma. Em um círculo religioso, pressupomos que haverá gente experiente orientando e controlando os rumos das alucinações."

Carlini desaconselha a hoasca por pessoas com limitações de saúde. "Quem tem problema cardíaco deve evitar", diz. Para ele, interações com alguns remédios também devem ser vetadas. "A hoasca pode inibir o efeito dos hipnóticos, usados contra insônia", completa.

O pesquisador Rafael Guimarães dos Santos, doutorando em farmacologia pela Universidade Autônoma de Barcelona, com ênfase nos efeitos da ayahuasca, pede cautela para quem usa antidepressivos que inibem a enzima monoamina oxidase (MAO) - efeito que o chá também produz. "Ao inibir a MAO, que controla os níveis de serotonina, a quantidade desta substância aumenta. Se a pessoa ingerir o chá e também o remédio, o nível de serotonina poderá subir demais, levando à síndrome serotoninérgica, com tremores, agitação e até mesmo morte", relata.

Santos diz que a interação do chá com a substância tiramina também é problemática. "Esta substância, encontrada em alimentos envelhecidos, como vinho tinto e alguns tipos de queijo, é degradada pela MAO. Com a inibição da enzima, a tiramina pode se acumular no corpo, levando à hipertensão", explica. Segundo ele, "não existem evidências científicas de que o chá possa ser usado com fins terapêuticos, embora muitos usuários defendam este uso".

Diretor do Departamento Médico da União do Vegetal, uma das linhas religiosas ligadas à hoasca, o médico José Roberto Souza é contrário à 'medicalização' do chá. "Nosso objetivo é o uso no ritual e não se pode afirmar que as melhorias de saúde nos praticantes se devem às propriedades bioquímicas do chá. É o envolvimento com a doutrina, a mudança de paradigmas com relação aos hábitos de vida, deixando o álcool e o fumo, que trazem os benefícios para a saúde", diz.

O QUE DIZ A MEDICINA

Pessoas que sofrem de hipertensão ou que apresentem problemas cardiovasculares não devem fazer uso do chá porque ele pode desencadear taquicardia e alterações de pressão

- Indivíduos que tenham passado por transtornos mentais ou que tenham uma predisposição conhecida para este tipo de quadro (filhos de pais esquizofrênicos, por exemplo) não devem usar o chá porque ele, ao provocar alucinações, age sobre o sistema de senso percepção cerebral, que é um mecanismo afetado em vários tipos de transtornos psiquiátricos

- A administração do chá em crianças é admitida pelo Conad, embora seja alvo de crítica por parte de alguns médicos. Parte deles afirma que não há estudos que comprovem o comprometimento cerebral em crianças usuárias do chá, outros alegam que promover efeitos psicoativos em cérebros ainda em formação é arriscado

O QUE DIZ O CONAD

O chá deve ter uso restrito a rituais religiosos e está vedada sua associação a substâncias psicoativas ilícitas - como crack e LSD, por exemplo

- O processo de produção, armazenamento, distribuição e consumo da ayahuasca não pode estar associado à comercialização das espécies usadas no chá

- As entidades religiosas devem aplicar entrevistas a novos integrantes e evitar que o chá seja dado a pessoas com histórico de transtornos mentais, bem como a indivíduos sob o efeito de bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas

- O uso da ayahuasca pressupõe que a extração das espécies vegetais busque a autossustentabilidade, desenvolvendo cultivo próprio e evitando a depredação de espécies florestais nativas

quinta-feira, 11 de março de 2010

EPTV - Crack prejudica desenvolvimento de crianças

Reportagem da EPTV acompanhou jovens e adolescentes que consomem crack no centro de Campinas



11/03/2010 - 14:17

EPTV

O crack é a droga mais agressiva que existe hoje no Brasil. A afirmação é baseada nos efeitos que o consumo da droga causa no corpo do usuário. A psiquiatra Débora Ribas D'Ávila, a droga é muito quente e, à medida que é consumido, queima os dedos, a boca e o pulmão.

Durante vários dias, a reportagem da EPTV acompanhou o comportamento de jovens e adolescentes que consomem crack no centro de Campinas. Em uma imagem gravada, um menino sentado em uma praça fuma a pedra e em segundos começa a se agitar. Depois que o crack é queimado, a fumaça da cocaína presente na droga passa pelo pulmão, cai na circulação e atinge o sistema nervoso central. No cérebro, aumenta a quantidade da sustância dopamina, que dá uma sensação maior de euforia e poder. A coordenação motora diminui e altera os sentidos da audição, do paladar e do olfato.

De acordo com os médicos, esse caminho que o crack percorre no organismo ocorre em apenas dez segundos. Além de afetar os sentidos, o crack provoca uma sensação de prazer que não é comparada a nenhuma outra atividade, inclusive o sexo e por isso a dependência pode ocorrer na primeira vez, quando a pessoa experimenta a droga.

Uma vez ingerido, o crack já pode provocar vários problemas de saúde, explica a psiquiatra. A especialista diz ainda que no caso das crianças, as consequências podem ser irreversíveis, que que prejudica o desenvolvimento cerebral.

No caso de mulheres grávidas, o efeito não atinge apenas a mãe, explica a médica. A criança já nasce dependente, com dificuldades para mamar, além de ter irritação de humor e problemas durante o crescimento.

Mas apesar da agressividade do crack, a psiquiatra reforça que o tratamento é possível, dependendo somente da intenção da pessoa de se recuperar.

quarta-feira, 10 de março de 2010

COMO O CRACK MATA

Uma droga de rápida absorção, prazer efêmero e devastadora para o organismo. Forma menos pura da cocaína, o crack causa danos ainda maiores ao corpo humano pela velocidade e potência com que seus componentes chegam ao pulmão e ao cérebro. Hipertensão, problemas cardíacos, acidente vascular cerebral (AVC) e enfisema são alguns dos efeitos do seu consumo. Apesar de todos esses males, a violência e o vírus HIV ainda são apontados como as principais causas de morte dos usuários de crack.


O psiquiatra Fernando Madalena Volpe - que fez um estudo sobre a relação entre a vasculite cerebral e o uso de cocaína e crack - explica que o crack provoca uma má circulação aguda, o que deixa os usuários mais suscetíveis a problemas que podem acometer órgãos nobres, como o cérebro e o coração. Ele ressalta, no entanto, que o risco de o usuário ter tais disfunções ocorre independentemente da dose consumida:

''No senso comum, diz-se que todo mundo que morre após consumir drogas foi por overdose, o que transmite a mensagem de que apenas se usar demais é que se pode morrer por causa da droga. Isto é um mito, pois mesmo com doses usuais, um indivíduo pode sofrer infartos cerebrais ou cardíacos. Até mesmo na primeira cheirada ou pipada.'', Conta.

Segundo Volpe, o AVC pode acontecer até mesmo depois de o usuário ter parado de usar a droga por um tempo, pois ele pode ter desenvolvido uma inflamação crônica das pequenas artérias, chamada de vasculite.

O pulmão é outro órgão seriamente atingido pelas substâncias do crack. A fumaça do crack gera lesões nos pulmões que causam problemas respiratórios agudos, tosse e dores no peito: em seis meses de uso, já pode ter o enfisema. O usuário aspira uma fumaça quente, que chega aos pulmões em alta temperatura. O usuário queima a boca, os dedos, as vias aéreas e o pulmão. Em alguns casos, chegam a ser feitas feridas, úlceras junto ao lábio pela alta temperatura do cachimbo ou da latinha.

Violência é a principal causa de morte entre usuários de crack

O emagrecimento repentino também é um dos efeitos do crack porque o organismo passa a funcionar em função da droga, e o dependente mal come ou dorme. Assim, os casos de desnutrição são comuns. A pessoa só para por exaustão. O uso do crack altera o centro da fome: há uma hiperdosagem de neurotransmissores, e a pessoa não sente necessidade de outras coisas.

Apesar do efeito devastador que o crack causa no organismo, a violência ainda é a principal causa de morte entre os usuários da droga. Uma pesquisa realizada na década de 90 com pacientes que se internaram em um serviço de desintoxicação, em São Paulo, mostrou que, após cinco anos, 56,6% das mortes por crack foram homicídios. O segundo maior fator foi o vírus HIV, que causou 26,1% dos óbitos. Menos de 10% dos pacientes morreram de overdose.

A morte por violência é a mais comum. Mas, é preciso que o Sistema Único de Saúde (SUS) passe a fazer exames toxicológicos para que os números reais apareçam e possam gerar estudos. Nos prontos-socorros, você não sabe porque a pessoa está tendo um AVC. Não tem protocolo para se identificar o usuário de droga.

Embora uma overdose ou o uso contínuo de crack não necessariamente mate, pode deixar sequelas que vão desde problemas neurológicos, cefaleias, alterações na marcha e até distúrbios na fala.

“Nunca experimente o crack - Ele causa dependência e mata”. Esse é o slogan da Campanha Nacional de Alerta e Prevenção do Uso de Crack lançada pelo Ministério da Saúde para prevenir o consumo da droga. A peça está sendo veiculada em mídias de todo o país. O alvo são jovens de 15 a 29 anos, de todas as classes sociais. A meta é alertar sobre os riscos e conseqüências do consumo do crack, um derivado da cocaína.

A veiculação da campanha seguirá até o dia 31 de janeiro.

De forma complementar, a campanha também terá material informativo sobre as opções de tratamento oferecidas no Sistema Único de Saúde (SUS). A partir desta quarta-feira, será disponibilizado mais um instrumento para dar suporte ao familiar e ao usuário da droga: o Disque Saúde (0800 61 1997) terá um ramal exclusivo para informações sobre o crack e orientações para tratamento dos usuários na rede do SUS, com profissionais especialmente treinados.

O número será divulgado nas peças publicitárias da campanha e em grandes adesivos, que serão afixados em orelhões públicos nas principais cidades brasileiras, a partir de janeiro. As chamadas “cracolândias” – regiões onde usuários e traficantes de crack se concentram nas cidades – serão os locais prioritários de afixação desses adesivos.

Usários potenciais

“A campanha faz parte de um conjunto de medidas tomadas antes da expansão do crack no país. O Ministério assume o protagonismo do combate à droga, entendendo que o problema ultrapassa a esfera da saúde”, explicou José Luiz Telles, diretor do Dapes (Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas) do Ministério da Saúde.

“É uma postura crítica frente ao tema. A droga é barata; por isso, atinge principalmente os jovens das camadas mais baixas. Mas não se enganem, qualquer jovem é considerado um usuário em potencial", disse Telles.

Os consumidores de crack são expostos a riscos sociais e a diversas formas de violência. Geralmente, quando os efeitos da droga diminuem no organismo da pessoa, ela sente sintomas de depressão e tem sensação de perseguição. Outros sintomas comuns são desnutrição, rachadura nos lábios, sangramento na gengiva e corrosão dos dentes; tosse, lesões respiratórias e maior risco para contrair o vírus HIV e hepatites.

A droga surgiu nos Estados Unidos na década de 80, e é derivada das sobras do refino da cocaína. Geralmente vendida em pedras, nenhuma outra droga tem tanto poder de criar dependência. Apesar de ser menos consumida que outras substâncias, como álcool, tabaco, maconha e cocaína, os danos causados pelo crack são muito mais graves segundo especialistas.

terça-feira, 9 de março de 2010

COMBATE AOS ANABOLIZANTES

A Câmara analisa o Projeto de Lei 6696/09, do deputado Capitão Assumção (PSB-ES), que trata de esteróides anabolizantes e substâncias similares. A proposta modifica a Lei 11.343/06, que criou o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas.

Pelo texto, passa-se a considerar, como drogas, os esteróides androgênicos ou peptídeos anabólicos - conhecidos como anabolizantes hormonais - que causem dependência humana.

O projeto prevê também que receberá as mesmas penas previstas para traficantes, fabricantes e vendedores de drogas ilícitas o agente que promover a venda, oferecer, entregar ou fornecer a consumo, ainda que gratuitamente, medicamentos do grupo terapêutico dos esteróides ou peptídeos anabolizantes, sem a devida apresentação e retenção da cópia da prescrição emitida por médico ou dentista devidamente registrados nos respectivos conselhos profissionais.

O autor afirma que, com o crescimento do "mercado da beleza" cada vez mais exibicionista e exigente para os padrões sociais, nasce a necessidade de ter um corpo aparentemente sadio e musculoso, o que impulsiona a procura por subterfúgios para o alcance rápido e sem esforço desse chamado padrão de beleza.

"Neste anseio, jovens, adultos e até idosos utilizam mecanismos rápidos para obtenção de um corpo esbelto e musculoso, como é o caso dos medicamentos do grupo terapêutico dos esteróides ou peptídeos anabolizantes", explica.

O deputado lembra que, atualmente, a venda desses esteróides ainda é feita às escuras, e até mesmo um menor de idade consegue obtê-las sem qualquer prescrição médica.

Na opinião do parlamentar, o resultado disso são os inúmeros casos de intervenções médicas pelo uso indevido ou excessivo de anabolizantes, além de altos índices de morte ocasionados pelo uso indiscriminado desses medicamentos.

Testoterona

"Os esteroides anabólicos, ou anabolizantes, são drogas relacionadas ao hormônio masculino testosterona que destinam-se, especialmente, a repor a falta de hormônio masculino ou de musculatura corpórea, melhorando, momentaneamente, enquanto perdurar o uso e seus efeitos, a 'performance' dos usuários em atividades físicas", argumenta.

O parlamentar lembra que essas drogas causam dependência psicológica. O usuário não consegue mais ficar sem o seu uso contínuo. O corpo escultural passa a fazer parte da dependência psicológica, mesmo que a custo de um elevado preço, pago pelo organismo do usuário, ainda que sabidamente possa resultar em morte.

Ele acrescenta que a necessidade ou não do uso desses medicamentos depende da avaliação do profissional habilitado. "Infelizmente essas drogas anabolizantes continuam sendo vendidas ilegalmente no País e sem que exista o devido controle e punição", disse.

Assumção recorda ainda que muitas pessoas produzem anabolizantes caseiros ou misturam fórmulas para animais para uso como coadjuvantes anabólicos e colocam esses produtos à venda em diversas localidades, até mesmo na internet, sem qualquer controle sanitário.

Tramitação

A proposta será analisada pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ser votada pelo Plenário.

domingo, 7 de março de 2010

EUA : Venezuela e Bolívia não colaboram no combate às drogas

Washington, 1 mar - Os Estados Unidos voltaram hoje a suspender a Bolívia e a Venezuela no combate às drogas, ao considerar que sua cooperação foi novamente insuficiente em 2009, enquanto destacou os progressos "significativos" da Colômbia e anunciou mais ajudas para o México.

O departamento de Estado enviou hoje ao Congresso seu relatório anual sobre a luta global contra o narcotráfico e a lavagem de dinheiro, que servirá para determinar, em setembro, possíveis sanções aos países que, segundo Washington, não fazem o suficiente para colaborar nessa área, e que no ano passado incluía Bolívia e Venezuela.Washington considerou que Caracas "não coopera de maneira constante com os EUA e outros países para reduzir o tráfico de cocaína que passa por seu território". Além disso, também julgou que a colaboração com La Paz continua sendo um "desafio".

O relatório lembrou que grupos armados ilegais na Colômbia, entre eles as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), estão vinculados a organizações narcotraficantes que distribuem sua mercadoria através da Venezuela.

Esses grupos teriam estabelecido na Venezuela seus meios e recursos "para facilitar as atividades de tráfico, para descansar, e para escapar das forças de segurança colombianas", assinalou.Os EUA asseguraram que há "fortes evidências" de que "alguns elementos" das forças de segurança venezuelanas "prestam socorro direto" a esses grupos terroristas.

Desde que a Venezuela suspendeu em 2005 a cooperação antidrogas com os EUA, a colaboração entre os dois países nessa área se limitou à troca de informações, a coordenação de deportações e a intercepção marítima.

De acordo com os dados disponibilizados pela Venezuela, foram confiscadas no ano passado 60,2 toneladas de drogas ilegais nesse país, diante das 40 toneladas do ano anterior. No entanto, esse número está muito longe das 152 toneladas confiscadas em 2005, assinalaram os Estados Unidos.

Os EUA reconheceram que a Venezuela fez esforços para lutar contra a lavagem de dinheiro e que o país instalou sistemas de radares. No entanto, Washington criticou que a estratégia venezuelana contra as drogas, que começaria em 2008, foi adiada e ainda não foi publicada.Um ambiente "permissivo e corrupto" transformou a Venezuela "em uma das rotas preferidas para o tráfico de drogas ilícitas da América do Sul", sentenciou o relatório.Os Estados Unidos lembraram que a falta de cooperação da Venezuela é um reflexo das "gélidas" relações bilaterais entre os dois países.Também no caso da Bolívia, os EUA estão dispostos a aprofundar a cooperação bilateral, dado que no ano passado o país sul-americano tomou menos medidas para impedir a produção e o tráfico de drogas, segundo o relatório.De fato, o potencial de produção de cocaína aumentou 50% desde 2005 na Bolívia. O Governo do presidente Evo Morales permite um maior cultivo da folha de coca, tradicionalmente usada pelos indígenas para mascar.

Além disso, os EUA se mostraram "preocupados com a eficácia das políticas e ações antinarcóticos" do Governo Morales, devido ao aumento dos níveis de produção da droga, à presença de narcotraficantes mexicanos e colombianos em território boliviano e a possíveis conflitos entre os cultivadores e o Governo.

Mas nem tudo foi objeto de crítica por parte dos Estados Unidos. No caso da Colômbia, Washington louvou os progressos "significativos" na luta antidrogas no ano passado e destacou que o país deve fazer mais para combater o surgimento de novos cartéis e "nacionalizar" vários programas antinarcóticos.Segundo o relatório, a Colômbia continuou em 2009 uma agressiva campanha de apreensão e erradicação de drogas, além de manter um forte recorde de extradição de pessoas acusadas de narcotráfico aos Estados Unidos.Em relação ao México, os EUA indicaram que enviarão mais ajuda nos próximos anos ao país vizinho para contribuir com a desmilitarização do combate ao narcotráfico. Além disso, o Governo americano se comprometeu a combater o consumo de drogas no México.Segundo o relatório, a ajuda americana servirá para preparar a Polícia civil mexicana a assumir tarefas de segurança e o desmantelamento dos cartéis da droga, desempenhadas agora pelos militares.O Governo de Washington disse que quando os militares mexicanos retornarem às "tarefas tradicionais", haverá um aumento nas atividades para a erradicação de cultivos de maconha e ópio.

Já na América Central, o relatório observou que o golpe de Estado em Honduras prejudicou gravemente a luta contra o narcotráfico nesse país. Quanto ao Panamá, o relatório advertiu sobre os perigos representados pelas organizações criminosas para a democracia do país.

O Brasil, maior consumidor de cocaína do mundo depois dos Estados Unidos, passou a ser em 2009 um importante canal para o transporte de drogas rumo a Europa e África, revelou o relatório. Seguno o texto, a cada ano passam pelo território brasileiro, por ar, terra e rios, toneladas de drogas.

O Departamento de Estado americano aponta que as quadrilhas brasileiras usam os lucros da venda de drogas para comprar armas e aumentar seu controle sobre as favelas de São Paulo, Rio de

Abuso e dependencia de analgésicos leva a perda auditiva

Folha de São Paulo - IARA BIDERMAN - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um estudo norte-americano que acompanhou 26 mil homens por 18 anos mostra que o uso regular de aspirina, acetaminofen (substância ativa de analgésicos como o Tylenol) e anti-inflamatórios não esteroides (como o ibuprofeno) aumenta o risco de perda auditiva, especialmente nos homens com menos de 60 anos.

Os autores apontam que o consumo regular (duas ou mais vezes por semana) de acetaminofen aumenta em 99% o risco de deficiência auditiva em homens com menos de 50 anos e em 38% em homens entre 50 e 59. A partir dos 60 anos, o risco cai para 16%.

"A relação entre o acetaminofen e a perda auditiva nunca havia sido estudada", disse à Folha Sharon Curhan, do Brigham and Women's Hospital, a principal autora do estudo.

Entre os que usam regularmente aspirina, o risco de perda auditiva foi 33% maior para homens abaixo dos 59 anos. Não foi observado aumento de risco nos participantes com mais de 60 anos. O uso regular de aspirina, que diminui o risco de formação de coágulos, é indicado na prevenção de doenças cardiovasculares.

Quanto aos anti-inflamatórios não esteroides, o risco foi 61% maior para homens abaixo dos 50 anos, 32% maior para a faixa entre 50 e 59 anos e 16% para os com 60 anos ou mais.

"Os efeitos ototóxicos [que agridem o aparelho auditivo] de altas doses de aspirina estão bem documentados e há suspeitas de que altas doses de anti-inflamatórios não esteroides causem danos auditivos. Nós investigamos o uso regular de doses moderadas desses analgésicos. É o maior estudo prospectivo mostrando essa relação", diz Curhan.

Os pesquisadores fizeram ajustes para fatores que pudessem distorcer os resultados, como alcoolismo, tabagismo, doenças cardiovasculares, hipertensão e uso de outros tipos de medicamento com efeitos comprovados na audição.

O trabalho, que acaba de ser publicado na edição de março do "American Journal of Medicine", foi realizado por pesquisadores das universidades Harvard e Vanderbilt, do Brigham and Women's Hospital e da Massachusetts Eye and Ear Infirmary, em Boston.

A perda auditiva é considerada a desordem sensorial mais comum nos EUA. Estima-se que afete 10% da população geral e pelo menos metade da população com mais de 65 anos. "Não temos números precisos no Brasil, mas provavelmente a situação aqui é igual ou maior. Os distúrbios auditivos são um problema de saúde pública", afirma o otorrinolaringologista Marcelo Ribeiro de Toledo Piza, diretor da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.

"A deficiência auditiva afeta a capacidade de comunicação, reduz a autonomia e pode levar ao isolamento social e à depressão", completa Curhan.

Uso prolongado de maconha pode dobrar risco de psicose

Entre jovens que fumam maconha há seis anos ou mais, o risco de apresentar episódios psicóticos de alucinação ou delírios pode chegar a ser o dobro do verificado entre as pessoas que nunca consumiram a droga, segundo um estudo publicado no periódico "Archives of General Psychiatry". De acordo com o trabalho, quanto maior a duração do uso da maconha, maior o risco de se manifestarem os sintomas da psicose.

A pesquisa, que estudou 3.801 homens e mulheres de 26 a 29 anos, é a primeira a analisar o skunk -maconha mais forte, com maiores quantidades do ingrediente psicoativo THC (tetrahidrocannabinol). A pesquisa também avaliou 228 pares de irmãos, o que sugere que fatores genéticos ou ambientais têm menos chance de serem responsáveis pela psicose e pelas alucinações.

"Já desconfiava-se da relação entre o uso crônico da maconha e o aparecimento de casos psicóticos, mas este parece ser o primeiro estudo que dá uma base científica a essa visão que nós tínhamos", afirma Arthur Guerra, psiquiatra responsável pelo Grupo de Drogas da Faculdade de Medicina da USP.

A ONU estima que 190 milhões de pessoas usem maconha no mundo todo.

Brasil lidera vendas de Cerveja

No ano da pior crise global, foram as vendas de cerveja no Brasil que impediram a AB InBev (a maior empresa mundial do setor) de ter uma contração ainda maior no seu resultado.

A companhia vendeu 0,8% menos cerveja no mundo no ano passado do que em 2008, com queda disseminada. O Brasil (AmBev) foi exceção entre os grandes mercados, com alta de 9,9% nas vendas em volume.

Segundo a fabricante de cervejas como Skol e Brahma, o crescimento das vendas no país se deve à melhora das condições econômicas e ao lançamento de produtos. Com isso, ela disse que conquistou no ano passado mais 1,2 ponto percentual na participação de mercado brasileiro, atingindo 68,7%.

No resto do mundo, o cenário foi bem diferente, mesmo em países que evitaram a recessão, caso da China, onde a AB InBev vendeu 2,4% menos cerveja que em 2008. Na Rússia, que foi, dos grandes emergentes, o mais atingido pela crise, a empresa teve queda de 13,1%.

No mundo rico, onde a crise foi ainda mais aguda, as quedas foram expressivas: na Alemanha, a contração foi de 4,9%, e, no Reino Unido, de 2,7%. Nos EUA (onde a InBev comprou, em 2008, por US$ 52 bilhões a Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser), o recuo foi de 1,9%.

O cenário da AB InBev não é muito diferente do registrado pela sua principal rival, a SABMiller. O último balanço de vendas da fabricante de origem sul-africana é de abril a setembro de 2009 e mostra queda de 1% nas vendas em volume.

Para este ano, a AB InBev, que lucrou US$ 4,6 bilhões em 2009, disse que espera um avanço "modesto nas vendas". No último trimestre de 2009, as vendas globais de cerveja cresceram 0,8% -no Brasil, a alta foi de 12,1%.

A AmBev teve lucro líquido de R$ 5,789 bilhões em 2009, alta de 11,8% na comparação com o resultado de 2008.

Festas regadas a álcool atraem adolescentes

Um movimento de adolescentes com idades entre 11 e 14 anos e que combinam encontros pela Internet, tem provocado aumento no número de atendimentos médicos por bebidas alcóolicas em Hortolândia. Grupos de até 500 jovens se reúnem em praças da cidade para consumir álcool e drogas, além de praticar sexo.
O número de atendimentos na rede pública de saúde por excesso de bebidas entre adolescentes neste ano já se iguala ao total do período de 2009. O Conselho Tutelar foi acionado 12 vezes pelo Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência).

Os encontros são agendados pelo site de relacionamento MEADD, abreviação que significa "me adicione", em menção aos programas de relacionamento virtual. Uma adolescente de 14 anos ouvida pela reportagem explicou que as reuniões surgiram para que os jovens trocassem endereços de e-mail. Segundo a garota, que esteve em dois encontros, os participantes permanecem com o endereço virtual pendurados em partes do corpo.

"Parei de ir aos encontros porque vi muita coisa errada. Eles consomem muita bebida e fazem 'baderna'", contou. Vizinhos de uma pista de skate no Jardim do Bosque, ponto de encontro usado pelo grupo, contam que as reuniões chegam a atrair cerca de 300 adolescentes. "Eles ficam dançando, consumindo álcool e drogas. Tomam vinho e vodka em muita quantidade", conta o vendedor Paulo César Ferreira, 25, que mora em frente à praça. "Já vimos criança tendo convulsão de tanto beber", garante.

O Conselho Tutelar confirmou denúncias de encontros MEADD com até 500 jovens. "Eles fecham as ruas e fazem de tudo: usam drogas, mantém relações sexuais e abusam do álcool", relata o conselheiro Renato Bueno Franceschini. Segundo ele, uma professora ouviu de um menino de 10 anos que ele já havia frequentado o encontro.

O aumento das festas de MEADD em Hortolândia levou o Conselho Tutelar a convocar uma reunião com polícias Civil e Militar, Guarda Municipal e o setor de Fiscalização da prefeitura no ano passado. As instituições foram notificadas e houve uma instrução para coibir a reunião de jovens com intensificação de rondas e fiscalização. "A polícia tomava a praça, antes do começo das festas", conta o conselheiro. De acordo com ele, o aumento no número de casos com bebidas - que, segundo ele, tem relação direta com as festas - mostram que há necessidade de retomar as ações.