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terça-feira, 1 de setembro de 2015

Relatório JIFE 2013 indica que abuso de medicamentos supera o de drogas ilícitas



    Relatório JIFE 2013 indica que abuso de medicamentos supera o de drogas ilícitas
    Relatório anual da JIFE 2013 foi lançado na terça-feira, 5/03São Paulo, 5 de março de 2014.
    O consumo abusivo de medicamentos vendidos com prescrição médica aumenta no mundo e representa uma ameaça crescente para a saúde pública. Esse alerta está no relatório anual divulgado pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) ou Internacional Narcotics Control Board (INCB) na terça-feira, 4/3, em Viena, Áustria. A Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) é um órgão de fiscalização independente para a implementação das Convenções Internacionais das Nações Unidas de controle de drogas. Foi estabelecida em 1968 de acordo com a Convenção de Drogas de 1961.
    O relatório destacou que o uso abusivo de medicamentos se intensificou em todas as regiões, superando a taxa de consumo de drogas ilícitas, no entanto a Jife não informou quais são esses países. A Junta observa que o aumento da prevalência de abuso de medicamentos tem sido impulsionado, em grande medida, pela ampla disponibilidade desses medicamentos, bem como pelas percepções errôneas de que medicamentos são menos suscetíveis ao abuso do que drogas ilícitas. O problema é ainda agravado pelo uso destes medicamentos sem prescrição para automedicação.
    O ambiente familiar é a principal fonte de medicamentos que não são mais necessários ou utilizados para fins médicos, posteriormente desviados para o abuso. Pesquisas sobre prevalência de abuso realizadas em vários países revelaram que uma percentagem significativa das pessoas que abusam de medicamentos recebeu pela primeira vez de um amigo ou membro da família que o havia adquirido legalmente.
    A Jife ressalta que o abuso de medicamentos é uma ameaça grave e crescente para a saúde pública na América do Norte, que é a região com a maior taxa de mortalidade relacionada a drogas no mundo e que as mulheres consomem mais que os homens.
    A Jife reitera que qualquer estratégia global destinada a combater o problema do abuso de medicamentos também deve abordar as causas do excesso da oferta de medicamentos prescritos, incluindo a distribuição de receitas de forma exagerada pelos médicos, a prática de ir a vários médicos para conseguir diversas prescrições e o controle inadequado sobre a emissão e preenchimento de prescrições.
    Venda pela internet
    No capítulo referente ao abuso de drogas lícitas, a junta chama atenção para a venda ilegal de medicamentos pela internet, algo que cresce conforme aumenta o acesso da população à rede. 
    Segundo a Jife, vários países da Europa e da América do Norte realizam campanhas regulares, muitas vezes na própria web, para informar o público sobre os perigos potenciais de encomendar produtos farmacêuticos pela internet. Alguns desses sites inclusive têm ferramentas para ajudar o consumidor a verificar se a empresa em questão existe e é idônea. Alguns também têm espaço para denúncias.
    Opioides
    O relatório destacou também o abuso de tramadol, opiáceo utilizado como analgésico e que gera dependência, problema que já havia sido ressaltado no relatório de 2012. Mais de 30 países (dos 80 que participaram do levantamento) reportaram o uso recreativo da substância. E os índices vêm aumentando em 12 deles. Para a Jife, é importante que o medicamento seja rigidamente controlado em todos os países.
    Dados brasileiros
    Em todo o relatório há apenas menção ao Brasil, mas sem dados estatísticos, já que o país faz parte das nações que não enviaram o relatório anual com estatísticas sobre substâncias psicotrópicas antes do prazo de 30 de junho 2012. Entre os países que não enviaram os dados estão justamente os que mais produzem, importam e exportam essas substâncias, como Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Japão, Holanda, Paquistão e Estados Unidos.
    Segundo a Jife, a apresentação tardia ou a não apresentação de relatórios estatísticos torna difícil para a Junta monitorar as atividades lícitas que envolvem substâncias controladas e atrasa a análise sobre a disponibilidade mundial de tais substâncias para propósitos legítimos.

    segunda-feira, 31 de agosto de 2015



    Estudo realizado na UFMG quer saber em que situações, quantos comprimidos e por quanto tempo jovens saudáveis usam remédio com o intuito de turbinar o cérebro

    Antonio Scarpinetti/Unicamp
    Brasil é o segundo maior consumidor de metilfenidato no mundo; pesquisadores querem traçar perfil de uso em jovens saudáveis
    (UFMG), Daniela Junqueira. O Brasil é o segundo do mundo da Ritalina, atrás apenas dos EUA. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), só em 2011, foram comercializadas 1.212.850 caixas do medicamento nas farmácias do país. Dados do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) apontam que, em dez anos, o consumo de metilfenidato – substância ativa dos dois medicamentos – cresceu 775%. O montante da substância, seja importada ou produzida no País, passou de 122 kg em 2003 para 578 kg em 2012, crescimento de 373%.
    Os números de uso são muito altos, mas pouco se sabe sobre o perfil de pessoas que tomam o medicamento, nem quantas usam a substância com o intuito de turbinar o cérebro. Daniela é orientadora da pesquisa de iniciação científica da aluna de graduação Raissa Fonseca Cândido, que desenvolve um estudo com o intuito de traçar um panorama, entre estudantes da UFMG, sobre o uso de medicamento para melhoria do desempenho acadêmico. A universidade tem quase 50 mil alunos.
    “Existem estudos realizados nos Estados Unidos que mostram que 10% dos estudantes universitários usam metilfenidato. No Brasil, ainda não temos um estudo amplo sobre isto. Não sabemos para quê as pessoas estão fazendo uso e o medicamento está entre os cinco mais vendidos”, disse Raíssa.
    A estudante de farmácia afirma que, quando começou a pesquisa, achou que fosse encontrar mais referência de estudos realizados pelo Brasil. Mas são poucos. Na biblioteca Scielo só existem 34 estudos sobre metilfenidato cadastrados. Uma pesquisa publicada neste ano e feita com estudantes do quinto e sexto ano de uma faculdade de Medicina no Rio Grande do Sul, mostrou que 34,2% dos participantes já haviam usado metilfenidato, sendo que 23,02% haviam usado a substância sem a indicação médica.
    Raíssa acredita que o uso exagerado do medicamento esteja relacionado com a pressão social por ter sempre bons resultados e produzir cada vez mais. “Tem também a cultura do imediatismo, um interesse por resultados rápidos, de querer ir bem na prova estudando apenas uma hora”, completa Daniela.
    Um estudo realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que a Ritalina não promove melhora cognitiva em pessoas saudáveis. O estudo foi feito com 36 jovens (entre 18 e 30 anos) divididos em quatro grupos: um parte tomou placebo e os outros três doses únicas de 10 mg, 20 mg ou 40 mg da medicação. Depois de tomarem os comprimidos, os participantes fizeram testes de atenção e memória. Os quatro grupos tiveram desempenho semelhantes.
    “É um medicamento estimulante do sistema nervoso central, é um dos derivados da cocaína, a pessoa se sente mais condicionada, mas o desempenho, de fato, não melhora”, afirma Daniela.
    A farmacêutica ressalta que o medicamento tem efeitos colaterais no sistema cardiovascular (taquicardia e hipertensão), além de causar dependência. “É um fármaco autorizado para situações específicas, não para este tipo de uso. Outro problema é que os estudos sobre efeitos colaterais medem períodos de no máximo dois anos de uso. Não se sabe o que pode acontecer no longo prazo”, disse.

    segunda-feira, 20 de julho de 2015

    Vício em jogos pela Internet

     05/03/2015 14h43- Jornal Hoje - portal G1

    No final do ano passado, o chamado "transtorno por jogos de internet" passou a fazer parte do manual usado por psiquiatras do mundo todo. Ele auxilia nos diagnósticos de doenças mentais, o DSM.

    Na Universidade de São Paulo (USP), um ambulatório foi criado para tratar os dependentes de tecnologia.
    “O grande ponto de preocupação nosso na verdade não é o jogo em si ou a internet em si, mas é o fato que esses jovens eles estariam, na medida em que eles ficam muito tempo conectados, perdendo habilidades importantes. Criando então na vida adulta problemas sérios de relacionamento”, explia Cristiano Nabuco, coordenador do Laboratório de Dependências Tecnológicas da USP.

    Os especialistas alertam é para os excessos, o tempo que as pessoas passam jogando. Quando só existia a tela do computador era mais fácil controlar, mas agora com as plataformas móveis, como tablets e smartphones, a gente pode jogar a qualquer hora e em qualquer lugar.

    “Teve um tempo que eu tava muito viciado mesmo, que eu chegava na sexta-feira, eu nem ia para o colégio, ia direto para uma lan house, ficar jogando”, conta o narrador de games William Lemos, conhecido como Gordox entre os jogadores.

    Na adolescência, William repetiu de ano na escola duas vezes, deixou os pais enlouquecidos, mas conseguiu transformar o vício em algo produtivo. Hoje, aos 27 ano, ele ganha dinheiro jogando e dando dicas a outros jogadores.

    “Eu acho que eu não tenho nenhum tipo de desordem psicológica, eu acho que o que atrapalha um pouco é que eu devia cuidar um pouco mais da minha saúde, ir para uma academia, fazer uma atividade física, que eu acabo não fazendo por tanto tempo sentado na frente de um computador”, afirma William.

    Os homens ainda são maioria entre os jogadores, mas o número de mulheres vem crescendo. Há dois anos, elas representavam 41% dos jogadores. Hoje, já são 47%.

    A aposentada Isabel Ferreira está internada em uma clínica no interior de São Paulo, há quatro meses. Foi a família que pediu ajuda depois de ver que ela tinha se isolado do mundo. “Eu ficava com a porta fechada, eu não sabia quando era dia, quando era noite, eu não tinha noção nenhuma. Eu abandonei minha família”, relata.

    Na clínica, Isabel tem que ficar longe do computador: “Se a gente se apegar ao mundo virtual, nós nos esquecemos do que é verdade”.