O tráfico de drogas é o crime que mais cresceu nos anos 2000 no
Estado de São Paulo. O número de flagrantes feitos pela polícia paulista é hoje
quatro vezes maior do que há 12 anos. Foram cinco casos por hora no primeiro
trimestre, graças a uma rede de distribuição cada vez mais pulverizada, que
atrai pelo lucro fácil jovens e idosos, homens e mulheres, sem distinção.
“É evidente que a repressão aumentou, mas também deve ter aumentado a quantidade
de drogas. Não se pode dizer que é apenas a ação da polícia a responsável pelo
crescimento no número de flagrantes, porque aí poderia ter aumentado o preço.
São as duas coisas”, diz o pesquisador em Segurança Guaracy Mingardi.
A queda significativa no preço deixa claro que há mais entorpecente em
circulação do que a polícia consegue apreender. Sobra droga nas mãos dos
traficantes.
Segundo a polícia, o preço da cocaína caiu pelo menos 30%, tanto no varejo
quanto no atacado. O quilo da pasta custava no mercado nacional entre R$ 10 mil
e R$ 12 mil no início dos anos 2000. Hoje, está entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. A
“versão comercial” da droga, aquela que chega ao consumidor final, sai
atualmente por algo entre R$ 4 mil e R$ 5 mil o quilo.
Além disso, a participação do tráfico sobre o total de boletins de ocorrência
registrados nas delegacias paulistas cresceu três vezes em 12 anos – respondia
por 0,44% dos BOs em 2000 e, hoje, alcança 1,38%.
Na Região Metropolitana, o aumento foi
de seis vezes em 12 anos. Na capital, o número de flagrantes se multiplicou por
3,6 no mesmo período. No outro extremo, nos municípios do interior do Estado, o
crescimento foi de 3,75 vezes, favorecido sobretudo pela disseminação do crack
no campo, principalmente nos canaviais.
Para o diretor do Departamento de Narcóticos da
Polícia Civil (Denarc), Wagner Giudice, o Brasil não é mais apenas um corredor
do tráfico entre países andinos e a Europa, como no passado. O bom momento
econômico tem feito parte da droga parar por aqui, o que se reflete no número de
apreensões.
As diversas pesquisas coincidem na afirmação de uma associação entre transtornos do uso de substâncias psicoativas e criminalidade. O que é possível constatar é a alta proporção de atos violentos quando o álcool ou as drogas ilícitas estão presentes entre agressores, suas vítimas ou em ambos.
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