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domingo, 10 de julho de 2011

Ken Winters X FHC no Palácio dos Bandeirantes

O psiquiatra norte-americano Ken Winters, professor da Uni versidade de Minnesota e autoridade mundial no combate ao consumo de entorpecentes, participou do seminário “Prevenção ao Consumo de Álcool e Drogas na Ado lescência, Intervenções Baseadas em Evidências”, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. O evento serviu de contraponto às recentes declarações de apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à descriminalização da maconha. O especialista não vê benefícios na liberação da droga e diz que a internação compulsória de usuários que vivem nas ruas pode ser uma opção.

Qual a sua posição sobre a descriminalização da maconha?
As evidências científicas apontam que, quando se legaliza a droga, ela se torna mais disponível, crescem o consumo e o número de viciados. Não é algo que ficará restrito aos usuários atuais. Com a legalização, as redes subterrâneas do tráfico também se expandem. Não será possível legalizar todas as drogas, então os cartéis oferecerão as que continuam na ilegalidade. Mesmo que legalizado, o uso faz aumentar os problemas sociais, jurídicos, familiares e de saúde. Muitas pessoas não terão dinheiro para comprar droga. Para sustentar o vício, elas podem cometer crimes.

Qual o tratamento adequado para crianças de rua usuárias?


É uma das áreas mais difíceis de se tratar e é preciso ter expectativas modestas de resultados. Talvez os problemas sejam provenientes do abandono ou da miséria. Reverter ou prevenir não é algo fácil. É necessário ter na linha de frente pessoas com credibilidade, um adulto jovem, um mentor que se infiltre e mostre outros caminhos.

O senhor é favorável à internação compulsória de viciados?


Não é o ideal, mas, às vezes, é preciso ter essa carta na manga. Ela pode ser apresentada como uma alternativa à prisão, quando o usuário está envolvido em crimes menos graves. São necessárias clínicas atraentes para os jovens, com recreação, alimentação e possibilidade de desenvolvimento profissional.

Qual a sua impressão sobre a cracolândia em São Paulo?


É assustador. É algo similar ao que acontece em cidades dos Estados Unidos, onde há regiões, com quartos fechados, onde as pessoas usam crack.

E grupos de autoajuda?


Estudiosos dizem que, quando funcionam, é com grupos bastante específicos, com pessoas parecidas entre si.

Qual o perfil do adolescente usuário de drogas?


Álcool, tabaco e maconha são as drogas mais usadas por eles, e isso ocorre por vários motivos, incluindo a disponibilidade. Jovens com mais fatores de risco estão mais propensos a usar do que aqueles com poucos ou sem fatores de risco. Exemplos de fatores de risco importantes são a falta de controle sobre os impulsos, colegas delinquentes, falta de intimidade familiar e escassez de oportunidades fora do horário escolar.

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