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sábado, 31 de dezembro de 2011

Você é normal? O que é ser Normal? Novos estudos revolucionam o conceito de saúde mental.

A edição 2244 de 23 de Novembro de 2011 da Revista Veja traz na Capa: "Você é normal? O que é ser Normal? Novos estudos revolucionam o conceito de saúde mental." (André Petry)

A matéria diz que o "McLean" - Hospital Psiquiátrico aos arredores de Boston em funcionamento há 200 anos - vinculado à Universidade de Havard, tem o maior "banco de cerebros" do mundo. Os EUA têm o melhor acesso à anatomia cerebral!

E quanto mais se conhecem a estrutura e o funcionamento do cérebro e seus neurônios mais difícil a terefa de definir o que é "normal".

Uma equipe do Douglas Mental Health University Institute descobriu que quem cresce em metropole tem o córtex cingulado (regula stress) abalada. Já quem não cresceu mas morou tem a amigdala (centro emocional) afetada. A vida urbana aumenta o risco  de ansiedade em 21% e de transtorno de humor em 39%.

No Instituto de Neurociencia da Universidade da California descobriu-se que a memória do medo  altera a estrutura física do cérebro, preservando neurônios que sem a experiencia do medo morreriam ainda bebês. Por isso mantemos uma lembrança tão viva do que nos assusta.

Da diversidade de experiencias psicológicas decorre a complexidade do que é ser normal.

O Psiquiatra Peter Kramer (livro Ouvindo o Prozac) diz que: "a normalidade talvez seja um mito que criamos para o nosso próprio deleite". "O avanço da genética, da biologia molecular e da neurociência está trazendo à tona as imperfeições humanas, que tendem a virar regra".

Cada etapa da história humana tem suas próprias idéias sobre a normalidade mental. Hoje os EUA determinam isso.

Há motivos para pensar que a "era da anormalidade universal" seja um tempo de empatia, flexibilidade e tolerância.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Transtorno Afetivo Bipolar, Transtorno Bipolar do Humor, Psicose Maníaco-Depressiva

O Transtorno Afetivo Bipolar  é também conhecido como Transtorno Bipolar do Humor ou, anteriormente, como Psicose Maníaco Depressiva. Caracteriza-se por alterações do humor, com episódios depressivos e maníacos (eufóricos) ao longo da vida. É uma doença crônica, grave e acomete 1,5% das pessoas em todo o mundo.


No DSM.IV são classificados 2 tipos de Transtorno Afetivo Bipolar. O Transtorno Bipolar do Humor Tipo I, onde a maioria dos episódios de alteração do humor são do tipo euforia e o Transtorno Bipolar do Humor Tipo II, ao contrário, ou seja, a maiora dos episódios são depressivos.

DEPRESSÃO:
Há humor depressivo (angústia, tristeza, vazio, desesperança, desânimo, baixo astral), alterações de apetite e do sono, dificuldades de concentração e pensamentos negativos, incapacidade de sentir alegria ou prazer, redução da energia, agitação ou lentificação psicomotora, ideação suicida e/ou sintomas psicóticos.

Nem sempre a tristeza clássica está presente no Episódio Depressivo, o paciente pode não manifestar sentimento de tristeza e concentrar suas queixas em somatizações, em dores e outras queixas físicas, tais como cefaléia, dor de estômago, dor no peito, tonturas, etc (Depressão Mascarada).

São comuns queixas de dificuldades de raciocínio, concentração e tomada de decisões. De fato, a mais prejudicada talvez seja a atenção e não a memória. E a dificuldade em fixar a atenção, associada à falta de interesse, pode simular severos problemas de memória.

A alteração do apetite e/ou do peso é um dos indicadores confiáveis do comprometimento somático da Depressão. As alterações do sono na Depressão envolvem insônia.

Alguns pacientes podem dormir demais, como uma espécie de fuga de uma realidade hostil para eles ou como sinal de escasseamento da “energia” necessária para a disposição geral.

Função sexual: ocorre diminuição da libido.
Depressão Bipolar

É a Depressão que se apresenta em portadores do Transtorno Afetivo Bipolar. Aqui há uma alternância de episódios depressivos e eufóricos (maníacos), não necessariamente um depois do outro (podem surgir vários episódios depressivos e um eufórico ou vice-versa). Trata-se de um quadro de origem biológica. Normalmente essas crises surgem sem que se possa associar à alguma razão vivencial.

EUFORIA (Mania)

 Auto-estima inflada, grandiosidade, sensação de ser mais e melhor que os outros e, algumas vezes quando tem delírio, reconhecendo ser predestinado a alguma coisa muito importante.

 Necessidade de sono diminuída, sentindo-se bem e repousado com apenas 3 horas de sono.

 Mais eloqüente e loquaz do que o habitual, pressão por falar, interrompendo os outros.

 Perda da inibição social, falta de crítica para com as situações ridículas e vexatórias

 Fuga de idéias (mudança de assunto rápido sem conclusão do anterior) ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo mais do que as palavras podem pronunciar.

 Distratibilidade, a atenção é desviada com excessiva facilidade para estímulos externos insignificantes ou irrelevantes, dispersão da atenção.

 Aumento da atividade dirigida a objetivos sociais, no trabalho, na escola ou sexualmente.

 Agitação psicomotora, excesso de movimentos

 Envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para insensatez, perigo, inconseqüência, como por exemplo, envolvimento em compulsão para compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros tolos.

Na cidade de São Paulo essa prevalência é de 1% (Andrade, 2002). Estudos que consideram critérios mais flexíveis de diagnóstico já apresentam uma prevalência de 4% a 8% durante a vida. Apesar do interesse nestes quadros ter aumentado nos últimos anos, os portadores de TAB continua sendo tardiamente diagnosticados e, conseqüentemente, inadequadamente tratado.

Causas

Em relação às causas do TAB, tem sido muito relevante a sugestão de hereditariedade. O risco de desenvolver TAB em parentes de primeiro grau de um portador de TAB situa-se entre 2% e 15%.

 Compreende-se que o aparecimento dessas doenças de transmissão complexa dependa da presença de um conjunto de genes de suscetibilidade, os quais, ao sofrerem influência do meio, manifestam-se precipitando as alterações necessárias para a eclosão da doença em questão.

Há associação entre o TAB e a condição socioeconômica desfavorável, bem como com o desemprego, baixa renda e estado civil solteiro. Também há associação da TAB com mulheres nos três primeiros meses do pós-parto.
A classificação DSM.IV, já com mais de 10 anos, reconhece somente os tipos I e II, entretanto, os pesquisadores estão ampliando os conceitos e os tipos da bipolaridade.

Já se fala em Transtornos do Espectro Bipolar e, de acordo com abordagem mais recente, existem quatro tipos de transtorno bipolar, que se caracterizam basicamente pela intensidade em que ocorre a alteração do humor.

Tipo I: Afeta apenas 1 % da população, é a forma mais intensa, com forte alteração do humor, por apresentar fases de mania plena. Apresenta toda a amplitude de variação do humor, do pico mais alto (mania plena), que pode durar várias semanas, até depressões graves. Em geral, inicia-se entre 15 e 30 anos, mas há casos de início mais tardio. É comum apresentar sintomas psicóticos, como delírios (pensamentos fora da realidade) ou alucinações (ouvir vozes que não existem, por exemplo). Se não for tratado, em geral prejudica enormemente o curso da vida do paciente.

Tipo II: A alteração do humor não é tão intensa quanto no Tipo I, mas apresenta fases de hipomania (pequena mania) e depressão. Assim sendo, nesse tipo a fase maníaca é mais branda e curta, chamada de hipomania. Os sintomas são semelhantes, mas não prejudicam a pessoa de modo tão significativo. As depressões, por outro lado, podem ser profundas. Também pode iniciar na adolescência, com oscilação de humor, mas uma parte dos pacientes só expressa a fase depressiva ao redor dos 40 anos. Com freqüência, os sintomas de humor deixam de ser marcadamente de um pólo para ter características mistas, turbulentas.

Tipo III é semelhante ao tipo II, porém o quadro de hipomania é desencadeado pelo uso de antidepressivos ou psicoestimulantes. É uma classificação usada apenas quando a fase maníaca ou hipomaníaca é induzida por um antidepressivo ou psicoestimulante, ou seja, os pacientes fazem parte do espectro bipolar, mas o pólo positivo só é descoberto pelo uso destas drogas. Sem o antidepressivo, em geral manifestam características do temperamento hipertímico ou ciclotímico. Como regra, devem ser tratados como bipolares, mesmo que saiam do quadro maníaco com a retirada do antidepressivo.

Tipo IV: a oscilação de humor é mais leve e o paciente é, geralmente, uma pessoa com temperamento mais determinado, dinâmico, empreendedor, extrovertido e expansivo, e que, esporadicamente, passa a ter o humor mais turbulento e depressivo na meia-idade. Esses pacientes nunca tiveram mania ou hipomania, mas têm uma história de humor um pouco mais vibrante, na faixa hipertímica, que freqüentemente gera vantagens. A fase depressiva pode só ocorrer em torno ou depois dos 50 anos e às vezes é de característica mista e oscilatória.

Além desses quatro tipos, há a ciclotimia, que se caracteriza por um traço de personalidade cujo humor é oscilante e desregulado, e cujas fases não chegam a ser configuradas como mania ou depressão.

O Transtorno Bipolar I é um transtorno recorrente, ou seja, mais de 90% das pessoas que tiveram um Episódio Maníaco terão futuros episódios. Aproximadamente 60 a 70% dos Episódios Maníacos freqüentemente precedem ou se seguem a Episódios Depressivos mas o padrão de alternância é característico para cada pessoa.

O número de episódios durante a vida (tanto Depressivos quanto Maníacos) tende a ser superior para Transtorno Bipolar I, em comparação com Transtorno Depressivo Recorrente. Estudos do curso do Transtorno Bipolar I, antes do tratamento de manutenção com lítio, sugerem que ocorrem quatro episódios em média a cada 10 anos. O intervalo entre os episódios tende a diminuir com a idade.

Aproximadamente 5 a 15% das pessoas com Transtorno Bipolar têm quatro ou mais episódios de alterações severas do humor, tais como, Episódio Depressivo Maior, Episódio Maníaco, Episódio Misto ou Episódio Hipomaníaco, que ocorrem dentro de um determinado ano. Embora a maioria das pessoas com Transtorno Bipolar retorne a um nível plenamente normal de funcionamento entre os episódios, alguns deles, entre 20 e 30%, continuam apresentando instabilidade do humor e dificuldades interpessoais ou ocupacionais.