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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Embaixadores da Prevenção

Oi, gente,




Estou participando de um projeto que tem como objetivo realizar prevenção ao uso de álcool, tabaco e drogas entre crianças, já que o primeiro contato com tais substâncias tem acontecido entre 10 e 12 anos!!!



Gravei 2 entrevistas para o programa AÇÃO NACIONAL, apresentado na TV Séc XXI às quintas-feiras 22:30h - o primeiro deles foi ao ar ontem e o segundo será apresentado dia 4/08.



Amanhã, sábado 30/07/2011, participarei de um debate ao vivo na mesma emissora, de 09:30 às 11:30h, no programa ORIENTE-SE, com Ivan Capelato e Ricardo Galhardo. O Programa é interativo e os telespectadores podem enviar perguntas.



Esse projeto é muito especial para mim, estou bastante envolvida com ele e gostaria de compartilhá-lo com vocês, convidá-los a participar e pedir sua ajuda para divulgá-lo.



Muito obrigada!



Débora

sábado, 23 de julho de 2011

Amy Winehouse morre aos 27 anos

A cantora inglesa Amy Winehouse foi encontrada morta em sua casa às 16h (horário de Londres) deste sábado, em sua casa em Londres. Suspeita-se que a artista tenha sofrido overdose de drogas.
a cantora tinha 27 anos e possuía um longo histórico de uso de drogas e álcool.

Drogas, agressão à pele em forma de enfeite, perda da autoimagem. Os fãs se identificavam com seu comportamento, mas não notaram a gravidade de sua doença psiquiátrica
Antonio Carlos Prado

Não houve glamour na vida e muito menos na morte de Amy Wine house. Houve doença, uma intrincada enfermidade psiquiátrica denominada Transtorno da Personalidade Borderline – suas portadoras (predomina em mulheres na proporção de gênero de três para um entre a população mundial adulta) são invadidas constantemente por avassaladores sentimentos imaginários de abandono e sofrem terrível desmoronamento do ego, desintegração da identidade e da autoimagem. São impulsivas, mantêm suas relações interpessoais como um elástico que se tensiona ao máximo, as suas emoções e humor são fios desencapados em curto-circuito.

Sentem-se esburacadas e autolesionam a pele para aplacar a dor da alma, sempre encharcada pela sensação, quase nunca real, de perda de pessoas que lhes são queridas. Assim, nesse inferno psíquico, viveu Amy Winehouse, falecida em Londres no sábado 23 e cremada na terça-feira segundo os preceitos religiosos judaicos. O funeral ocorreu sem que se soubesse com precisão a causa da morte, e isso só virá a público em algumas semanas, assim que a médica legista Suzanne Greenaway concluir os exames toxicológicos das vísceras retiradas do cadáver da cantora. Seja qual for a causa, no entanto, um fato está dado: mais do que simplesmente morrer, Amy descansou um corpo maltratado, um cérebro embotado e um músculo cardíaco esmagado pelo uso ininterrupto, abusivo e nocivo de vodca e coquetéis de outras drogas que chegaram a cruzar cocaína, heroína, anfetaminas, ecstasy e até quetamina (anestésico de cavalo). Em outras palavras, ainda que a causa mortis não revele overdose, sua precoce partida aos 27 anos foi acelerada pelo Transtorno de Abuso de Substâncias como um transatlântico que se dirige loucamente para espatifá-lo contra um iceberg.

O Transtorno de Abuso de Substâncias é, digamos assim, uma das franjas visíveis, concretas e palpáveis do Transtorno da Personalidade Borderline, e também uma de suas marcantes características. Essa expressão inglesa significa fronteira ou fronteiriço e foi utilizada pela primeira vez para determinar um tipo específico de distúrbio patológico da personalidade no final da década de 1960 pelo pesquisador Otto Kernberg – nos primórdios da psicanálise ela servia para designar a fronteira entre a neurose e a psicose, serventia essa totalmente desconsiderada pela psiquiatria moderna, que cravou um diagnóstico próprio da doença. A rigor, ser Amy Winehouse não é para a mulher que quer, é para a mulher que pode. Isso vale para sua fenomenal voz de branca a cantar como uma diva negra do soul, mas esqueçamos a voz e continuemos concentrados em seu comportamento. Ou seja, para ser a turbulenta Amy há de trazer consigo “pesadas ferramentas” biológicas, psicológicas e ambientais para desenvolver tal tipo de personalidade. É por isso que se diz, aqui, que não é para quem quer, mas, tristemente, para quem pode – e, creiam, a mulher que possui tais ferramentas agradeceria à ciência ou a Deus se com elas pudesse nunca ter entrado em contato, assim como Amy, aos berros e na impulsividade, ou aos prantos e na depressão, muitas vezes implorava querer “ser trocada por outra”.

No campo psicobiológico, aquilo que se chamou de “ferramenta” pode ser traduzido tecnicamente pelo funcionamento descompassado no cérebro do neurotransmissor serotonina. Tentativas recorrentes de suicídio são traços do transtorno e estudos recentes constataram concentrações mínimas do ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA, metabólito da serotonina) em pessoas deprimidas que haviam tentado suicídio. No campo ambiental, pesa na infância a negligência ou a desatenção dos pais, abusos físicos, emocionais ou sexuais da criança. Pois bem, tentativas de suicídio – praticamente crônicas – não faltaram na vida da cantora ao utilizar drogas e cruzar vodca (sua dependência química prevalente) com medicamentos (cerca de 6% das borderlines que tentam suicídio conseguem consumá-lo, aproximadamente 60% de mulheres em ambientes institucionais psiquiátricos ou prisionais são borderlines). Quanto ao ambiente, sabe-se que seu pai, Mitch, disputava desde cedo com ela a atenção da mãe, Janis.

Na idade adulta, o que se viu foi novamente o pai taxista tentando pegar carona na fama da filha a ponto de lançar-se como cantor, atitude que arrastou Amy para uma profunda depressão – tal comportamento de Mitch voltou a ser criticado nos últimos dias pela imprensa inglesa e americana.

TRANSFERÊNCIA

Os fãs põem litros de vodca em frente à casa de Amy: identificação com seu alcoolismo

Falou-se antes da constante oscilação e perda da autoimagem e identidade como fortes componentes do Transtorno da Personalidade Borderline, e nesse buraco da identidade é que entram, por exemplo, a droga e o “lance da pele” (é como se faltasse uma pele protetora do ego), que vai da dermatotilexomania (provocar escoriações no próprio corpo) ao prazer ou autoagressão em se cobrir de tatuagens. Ao não ter fixada uma identidade em si nem um ego consistente, Amy, até por viver sobre palcos e sob refletores, fez da sua pseudoimagem de adicta a sua própria identidade enquanto pessoa – ou, na inteligente e sensível expressão do professor de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo Ronaldo Laranjeira, para a cantora “a doença fazia parte de uma liberdade poética”. Os seus fãs incondicionais, o público em geral e a indústria da música, por sua vez, “compravam” e “vendiam” essa identidade, era cada vez mais essa a identidade que esperavam de Amy e, perversamente, de forma involuntária ou não, a reforçavam. Em meio a tudo isso e a todos, ela era idealizada e idolatrada quando parava em pé no palco, desvalorizada e ridicularizada quando se exibia cambaia, como aconteceu ainda esse ano em seu último show, na Sérvia. Incrível, poucos viram que ali não havia nada além de doença.

O público sempre é passional e volúvel. Quanto aos fãs, com certeza é com carinho e boa intenção, mas também com grande dose de ignorância sobre saúde mental, que levam garrafas de vodca ao santuário que se montou diante da casa da cantora no bairro boêmio londrino de Camden Town – se Amy só se identificava com a Amy alcoolista, os seus fãs, num processo quase psicoterapêutico de transferência, também se identificam com essa Amy. Para a indústria do som, cifras nos olhos, o que não é lucro não está no mundo, e já festeja que o álbum “Back to Black”, de 2006, saltou para o primeiro posto na lista de mais vendidos nos EUA assim que a morte da artista foi anunciada.

Nos buracos do cenário borderline, cenário com simbólicos pregos emocionais por todos os cantos, a portadora do transtorno vai pondo tranqueira atrás de tranqueira na busca desesperada de preencher o seu vazio e aliviar o “torno psíquico” que não cessa de apertar. É comum encontrar-se mulheres presas que são borderlines e deveriam estar em tratamento e não encarceradas – acabam presidiárias porque, na ânsia de se “colarem” ao outro para ter uma identidade psíquica, muitas vezes se “colam” em tranqueiras traficantes. Elas anônimas, Amy Winehouse famosa, a história é a mesma. A cantora, no auge de uma de suas crises, casou-se em 2007 com o produtor e traficante (olha aí!) Blake Fielder-Civil. O relacionamento durou dois anos e a maior parte dele Blake passou na cadeia – e lá continua por roubo e posse de arma que não era verdadeira, era de brinquedo (ele não foi autorizado a sair da prisão para ir ao funeral). Agora, funeral feito, o que não faltam são vozes a dizer que Amy errou, não se tratou medicamente, não aproveitou as internações: “tentaram me mandar para reabilitação/eu disse não, não, não/ele tentou me mandar para reabilitação/mas eu não vou, vou, vou”, diz uma de suas famosas canções, chamada “Rehab”. Os que agora a criticam, e certamente entre eles há os que depositam garrafas de vodca diante de sua casa vazia, precisam saber que Amy era, em essência, enferma. Em “Beat The Point To Death”, ela cantou: “além disso estou doente/de ter de encontrar alguma paz”. Amy hoje tem paz, o “torno” borderline afrouxou-se, a montanha-russa borderline cessou de despencar, mas é a inútil paz dos mortos, não a fecunda paz dos vivos. De fato, não houve nenhum glamour em sua vida e muito menos em sua morte.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Álcool Adulterado Mata 42 no Equador

 O Equador anunciou estado de emergência e lei seca durante três dias, depois que 42 pessoas morreram intoxicadas por ingerir álcool envenenado no último domingo. Elas participaram de um festival no litoral, onde teriam consumido bebidas alcoólicas contaminadas. A suspeita principal recaiu sobre a aguardente e os destilados artesanais vendidos na região. O número de intoxicados é de 105, segundo o governo.

Autoridades constataram que a aguardente continha metanol.

O estado de exceção deve durar dois meses, e nesse período o governo pretende mobilizar policiais e militares contra a "crise do álcool adulterado". A bebida contaminada teria sido misturada com álcool industrial, o que causa dor de cabeça, vômitos e pode levar a perda da visão, falha renal e morte.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sais de Banho - droga devastadora

Com o singelo rótulo de "sais de banho", uma droga devastadora, que entrou nos Estados Unidos há cerca de um ano, disseminou-se e agora alarma médicos por causa de seus efeitos psicóticos e paranoicos. Trata-se de uma mistura de substâncias jamais testada em humanos, cuja fórmula foi banida em 28 dos 51 Estados americanos, mas ainda não tem veto do governo federal.

Em 2010, a Associação Americana de Centros de Controle de Envenenamento (AAPCC) registrou 303 pessoas atendidas em hospitais por contaminação pela droga. Esse total subiu para 3.470 no primeiro semestre deste ano.

"Se você misturar todos os piores efeitos da cocaína, do LSD, do PCP e do ecstasy terá um resultado comparável ao dos sais de banho", descreveu Mark Ryan, PhD em Farmácia e diretor do Centro de Envenenamento de Louisiana, ao Estado.

Em geral, a droga é fabricada com base em duas substâncias: a metilenodioxipirovalerona (MDPV) e a mefedrona. A primeira é uma substituta química da catinona, composto estimulante do khat, uma planta do norte da África cuja venda é ilegal nos EUA, mas usada em vários países como base de defensivos agrícolas ou repelente de insetos.

Apesar das proibições nos 28 Estados, o acesso à droga é fácil no país. Pode ser encontrada na internet, em lojas de conveniência e até entre os verdadeiros sais de banho, com sugestivos nomes: Pomba Vermelha, Seda Azul, Zoom, Nuvem Nove, Neve Oceânica, Onda Lunar, Céu de Baunilha e Furacão Charlie.

Um pacote de 50 mg custa US$ 30 (R$ 47,40), mas pode chegar a US$ 100 (R$ 158).

Usuários têm sido levados aos prontos-socorros por comportamento violento, pressão sanguínea elevada, alucinações e crises paranoicas. Geralmente, são internados no setor psiquiátrico.

Fabricação. A droga é fabricada nos EUA com base em substâncias importadas de países como a China e a Índia.
No continente europeu, a droga foi banida há cinco anos.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

21 anos de ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)

A secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Oliveira, avalia que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 21 anos, mudou a maneira como a sociedade lida com o público infantojuvenil. “Antes do ECA eles [crianças e adolescentes] eram considerados sujeitos menores de idade e menores também no acesso a direitos.”


Segundo a secretária, o ECA trouxe diversos avanços para o Brasil. Um dos pontos mais importantes foi a criação dos conselhos tutelares. “O conselho tutelar é uma figura ímpar, pois não existia na história brasileira antes do estatuto. Atualmente, 98% dos municípios têm conselhos tutelares”.

De acordo com ela, o governo pretende aumentar os investimentos nessas unidades. “É um investimento que vai ser feito para qualificar esse atendimento, para que realmente não tenhamos os problemas que temos, como conselho tutelar sem telefone, sem sala apropriada para atendimento, sem carro para fazer uma abordagem na rua ou para buscar uma situação de violação de direitos.”

Confira a seguir a entrevista com a secretária:

Agência Brasil: O Estatuto da Criança e do Adolescente completa 21 anos nesta quarta-feira. O que mudou nessas mais de duas décadas de vigência do estatuto?

Carmen Oliveira: De um modo geral [houve mudanças] sim, mas com algumas restrições. Temos hoje uma visível mudança do que tínhamos na vigência do antigo Código de Menores. Em primeiro lugar, porque não estava assegurada naquele marco legal a noção de que criança e adolescente têm direitos fundamentais, direitos humanos e iguais aos dos adultos. Eles eram considerados sujeitos menores de idade e menores também no acesso a direitos. Há, atualmente, um respeito maior sobre a opinião de crianças e adolescentes. Eles são chamados a dar suas opiniões, emiti-las, inclusive nos procedimentos judiciais. Isso é assegurado.

ABr: A maneira como a sociedade e as famílias lidam com crianças e adolescentes também mudou?

Carmen: Estamos vivendo um momento peculiar na vida contemporânea. Durante séculos, a infância e a adolescência não estavam na pauta. Não havia essa convivência com a própria família, tampouco com a comunidade. O conceito de infância é muito recente na história da humanidade e do adolescente é mais recente ainda. Temos as instituições e as famílias. Quando falo instituições, não falo só sobre as instituições de atendimento, mas também sobre a escola, que tem uma visão diferente dessa criança e desse adolescente. Não podemos atribuir isso apenas à vigência do estatuto, mas às mudanças culturais que foram acontecendo. Vivemos hoje um momento de implementação do estatuto e de mudanças culturais dentro deste momento da história da humanidade que faz com que a infância e a adolescência não sejam a mesma que tínhamos há 20 anos.

ABr: É difícil falar sobre o ECA e não abordar a questão social. Entre 2002 e 2010, houve um crescimento de 9.555 para 17.703 do número de adolescentes internados. Esse foi justamente o período em que houve o maior movimento de inclusão social e ascensão de classes econômicas. Por que houve esse crescimento? A questão da necessidade de cumprir medidas socioeducativas está atrelada à exclusão social?

Carmen: Podemos agrupar esses números sem distorcê-los. Por exemplo, pegando o corte de 1996 a 2004, tivemos um crescimento na internação de 218%. É praticamente impossível administrar um sistema iniciado com uma gestão com mil adolescentes e concluído com 2 mil. O que acontece é que você tem as mesmas unidades de internação para atender o dobro de meninos, e nessa duplicação você vai ter unidades superlotadas. Isso, para nós, é quase sinônimo de violação dos direitos. De 2004 a 2010, nós tivemos um aumento de 31% [das internações de adolescentes], ou seja, caiu de 218% para 31%. Em 2006, começamos a trabalhar já com o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo [Sinase]. O sistema socioeducativo no Brasil tende à estabilização no momento. Nós estamos, assim, oscilando entre um ano sem crescimento, para anos com aumento de 2%, 4%. No ano passado, os 4% de crescimento são resultado do aumento na internação provisória [quando o juiz interna o adolescente provisoriamente até tomar uma decisão a respeito da medida que será aplicada].

ABr: Ainda há pontos que possam ser melhorados no ECA, passados esses 21 anos?

Carmen: Sim. Defendemos o contínuo aperfeiçoamento do estatuto. Não o consideramos um marco legal. Várias mexidas já foram feitas no ECA, tentando melhorar aquilo que se apresentava como lacuna ou até mesmo com uma certa impropriedade. Um exemplo concreto disso foi a Lei de Adoção, aprovada recentemente. Ela melhora o estatuto em vários pontos, tanto nos procedimentos de adoção quanto nos de abrigamento institucional. No que diz respeito ao sistema socioeducativo, temos hoje em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei que institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Ele aprimora várias coisas do estatuto, como o cumprimento de medida de internação. O único direito restrito ao adolescente é o de ir e vir. Ele tem que ter acesso à saúde, à educação, à profissionalização. O Sinase vai tornar mais concreto o que deve ser feito nos casos de aplicação de medidas socioeducativas, inclusive as responsabilidades que o gestor tem na oferta desses cuidados.

ABr: Como está a questão dos conselhos tutelares no país?

Carmen: Um ponto a ser destacado são os conselhos tutelares. O conselho tutelar é uma figura ímpar, pois não existia na história brasileira antes do estatuto. Ele é tão pioneiro que não existe em nenhum outro lugar do mundo. Temos uma implantação muito boa, pois 98% dos municípios brasileiros têm conselho tutelar. Porém, a maioria funciona com grande precariedade. O entendimento da ministra Maria do Rosário [da Secretaria de Direitos Humanos] é que os conselhos tutelares são a nossa ponta de lança em direito da criança e do adolescente nos municípios. Vamos fazer um grande investimento de reordenamento. As instalações físicas serão financiadas, também haverá atendimento com um kit e equipamentos. É um investimento que vai ser feito para qualificar esse atendimento para que realmente não tenhamos os problemas que nós temos, como conselho tutelar sem telefone, sem sala apropriada para atendimento, sem carro para fazer uma abordagem na rua ou para buscar uma situação de violação de direitos.

domingo, 10 de julho de 2011

Prevenção ou descriminalização?

Folha de São Paulo - TALITA BEDINELLI


Especialistas no combate a drogas e álcool, reunidos ontem em evento do Ministério Público de SP, acreditam que o Brasil não está no momento de discutir se deve descriminalizar o uso de drogas, mas, sim, de debater a adoção de ações fortes de prevenção.

Para eles, sem sistema que evite que o número de usuários continue a crescer, não se pode pensar em descriminalizar, pois isso só ampliaria o total de dependentes.

A referência à descriminalização deve-se ao documentário "Quebrando o Tabu", com o ex-presidente Fernando Henrique (PSDB). No filme, em cartaz, ele defende a descriminalização de drogas leves, o que combateu quando na Presidência.

Para Ronaldo Laranjeira, coordenador do evento e diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas, a posição do filme não é a melhor solução.

"A própria cracolândia mostra que não há criminalização do uso. As pessoas consomem ao lado da polícia, que não faz nada", afirmou.

"O uso público não poderia ser tolerado. Essas pessoas teriam que ser tratadas. Vamos discutir a criação de um sistema de tratamento e de prevenção. Esse é o tabu."

Ken Winters, do Departamento de Psicologia da Universidade de Minnesota e do Instituto de Pesquisas de Tratamentos da Filadélfia, defende o modelo adotado nos EUA -e criticado no filme por ex-presidentes do país.

Lá, o usuário é processado (sem importar a quantidade de droga). Dependendo do Estado, é punido com multa, liberdade assistida, serviço comunitário ou cadeia.

No Brasil, pela lei 11.343/ 2006, quem for pego com droga para uso pessoal pode ser advertido, ter de prestar serviço comunitário ou medida socioeducativa. Mas quem decide qual quantidade caracteriza "uso pessoal" é o juiz. Nos EUA, isso é definido por lei, diz Winters.

"Se você abre a porta um pouquinho, as pessoas vão querer abrir mais e mais."

Ken Winters X FHC no Palácio dos Bandeirantes

O psiquiatra norte-americano Ken Winters, professor da Uni versidade de Minnesota e autoridade mundial no combate ao consumo de entorpecentes, participou do seminário “Prevenção ao Consumo de Álcool e Drogas na Ado lescência, Intervenções Baseadas em Evidências”, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. O evento serviu de contraponto às recentes declarações de apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à descriminalização da maconha. O especialista não vê benefícios na liberação da droga e diz que a internação compulsória de usuários que vivem nas ruas pode ser uma opção.

Qual a sua posição sobre a descriminalização da maconha?
As evidências científicas apontam que, quando se legaliza a droga, ela se torna mais disponível, crescem o consumo e o número de viciados. Não é algo que ficará restrito aos usuários atuais. Com a legalização, as redes subterrâneas do tráfico também se expandem. Não será possível legalizar todas as drogas, então os cartéis oferecerão as que continuam na ilegalidade. Mesmo que legalizado, o uso faz aumentar os problemas sociais, jurídicos, familiares e de saúde. Muitas pessoas não terão dinheiro para comprar droga. Para sustentar o vício, elas podem cometer crimes.

Qual o tratamento adequado para crianças de rua usuárias?


É uma das áreas mais difíceis de se tratar e é preciso ter expectativas modestas de resultados. Talvez os problemas sejam provenientes do abandono ou da miséria. Reverter ou prevenir não é algo fácil. É necessário ter na linha de frente pessoas com credibilidade, um adulto jovem, um mentor que se infiltre e mostre outros caminhos.

O senhor é favorável à internação compulsória de viciados?


Não é o ideal, mas, às vezes, é preciso ter essa carta na manga. Ela pode ser apresentada como uma alternativa à prisão, quando o usuário está envolvido em crimes menos graves. São necessárias clínicas atraentes para os jovens, com recreação, alimentação e possibilidade de desenvolvimento profissional.

Qual a sua impressão sobre a cracolândia em São Paulo?


É assustador. É algo similar ao que acontece em cidades dos Estados Unidos, onde há regiões, com quartos fechados, onde as pessoas usam crack.

E grupos de autoajuda?


Estudiosos dizem que, quando funcionam, é com grupos bastante específicos, com pessoas parecidas entre si.

Qual o perfil do adolescente usuário de drogas?


Álcool, tabaco e maconha são as drogas mais usadas por eles, e isso ocorre por vários motivos, incluindo a disponibilidade. Jovens com mais fatores de risco estão mais propensos a usar do que aqueles com poucos ou sem fatores de risco. Exemplos de fatores de risco importantes são a falta de controle sobre os impulsos, colegas delinquentes, falta de intimidade familiar e escassez de oportunidades fora do horário escolar.

Caminhada Nacional contra a Liberação da Maconha... Pela Vida!

Movimento Nacional Contra a Liberação da Maconha... Pela Vida!




Dia 30 de julho de 2011 será realizada a primeira Caminhada Nacional contra a Liberação da Maconha... Pela Vida!

Será em São Paulo (capital), na Avenida Paulista.


Esta caminhada contará com os mais variados seguimentos da sociedade, entre Igrejas, Instituições e Organizações da Sociedade Civil, sem distinção política, religiosa ou racial.
Será a primeira manifestação de peso contra a legalização da maconha.


Representação em São Paulo: Adriana Dutra
Movimento Nacional Contra a Liberação da Maconha, Pela Vida


Crime Organizado e Legalização da Maconha

FOLHA DE SÃO PAULO - COTIDIANO - ROGÉRIO PAGNAN

O procurador de Justiça de São Paulo Marcio Sergio Christino, um dos principais especialistas do país em crime organizado, diz que a eventual liberação da maconha no país fortalecerá ainda mais as facções criminosas.

Segundo ele, os traficantes poderão usar empresas legais para lavar o dinheiro da venda de outras drogas e ter livre acesso aos usuários.

O assunto voltou a repercutir após o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir que não há impedimento legal às manifestações a favor da descriminalização da maconha.

Folha - O que a liberação da maconha poderá provocar?

Marcio Sergio Christino - Se você está dizendo que todos podem consumir, está dizendo que todos podem comprar. Está, então, admitindo que alguém vai ser o fornecedor. Qual é a consequência? Você cria um mercado cativo, fixo, sem ter o fornecedor. Isso vai intensificar a venda. Significa dizer que o tráfico, da forma como existe hoje, vai se fortalecer e se expandir. Porque o traficante que vende a maconha é o mesmo que vende a cocaína, o crack, as outras drogas. Então, na prática, liberar o consumo fortalecerá o tráfico. E todo ele, não apenas o das chamadas drogas leves. Isso é o sonho de consumo de qualquer traficante.

E se houver um controle rigoroso da venda?

Vamos utilizar o modelo holandês? Português? Nenhum deles é compatível com o nosso. São países pequenos e muito distantes dos mercados produtores. Nossa realidade é diferente. Tem muita plantação na região Nordeste, e não conseguimos fazer um controle como eles.Você só poderia falar em acabar com o tráfico se tivesse uma rede de fornecimento de maconha que permitisse a entrega gratuitamente. Como se destrói o tráfico? São os princípios econômicos. Você vende um produto melhor com um preço mais baixo. O Estado vai assumir esse papel de vender entorpecente por preço mais baixo em larga escala a toda a população? É viável isso? Não num país como o nosso.
Lojas legais poderiam ser utilizadas pelos traficantes?

Eles utilizarão a própria loja que vende maconha para lavar o dinheiro das outras drogas. O traficante vende de tudo, é um princípio de economia. Não é um raciocínio criminoso. É um raciocínio de empresário. Isso é o sonho de qualquer traficante. Vou vender pra caramba, todo mundo vai consumir, consumir não é crime, ninguém vai reprimir e vou vender à vontade.

O que pode ocorrer com os outros tipos de crimes, como os roubos e os furtos?

Tendem a aumentar. Por quê? Vai expor a sociedade e sem nenhuma salvaguarda. Se você tem cinco pessoas usando [maconha] hoje, terá dez. Só que você não tem a conclusão automática de que as novas cinco pessoas serão consumidoras conscientes.

E a legislação atual?

A nova legislação é esquizofrênica. Devido a alguns critérios de redução de pena, temos a menor pena de tráfico de drogas do mundo. É a velha ideia de que o preso custa caro, de que o tráfico não é visto como crime violento. Nossa legislação quer punir, mas não pune. Quer proteger, mas não protege.

Como deveria ser?

O que o país precisa encontrar é uma pena dura o suficiente para servir como elemento de intimidação, de punição e também de recuperação. Não é o que temos hoje.

E internações compulsórias?

O usuário só pode ser internado quando constitui um perigo à sociedade. O indivíduo que é socialmente perigoso precisa sofrer algum tipo de restrição.

Holanda em guerra contra as drogas

A Holanda, anunciou que pode classificar algumas formas de maconha altamente concentrada como droga pesada, comparável à cocaína ou heroína, em função do risco de criação de dependência.
Nos últimos três anos o país vem restringindo e desencorajando o consumo e venda de drogas leves, por razões de saúde e criminalidade, e agora quer limitar o turismo de drogas.

Uma comissão holandesa concluiu que o haxixe e a maconha vendidos na Holanda têm teor de THC de cerca de 18% e informou à ministra da Saúde que uma concentração de THC superior a 15 por cento coloca a droga em nível semelhante à heroína ou cocaína.

“Eu me preocupo há anos com a concentração de THC, especialmente quando é tão alta. Vamos analisar essa questão seriamente”, disse a ministra da Saúde, Edith Schippers

Fonte: agência Reuters