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sábado, 28 de maio de 2011

INTERNAÇÃO OBRIGATÓRIA PARA MENORES NO R.J.

A partir da próxima segunda-feira (30), todas as crianças e adolescentes recolhidos nas ruas da cidade do Rio de Janeiro e que sejam comprovadamente dependentes químicos, principalmente de crack, serão obrigados a se tratar. A medida será publicada no Diário Oficial.

Até então, a Secretaria Municipal de Assistência Social entedia que obrigar os menores a se tratar constituiria crime de cárcere privado. Após entendimento com o Ministério Público e a Vara da Infância e Juventude, a interpretação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) mudou, conforme explica o secretário Rodrigo Bethlem:

- O estatuto define alguns direitos para as crianças e adolescentes. O maior deles é o direito à vida e à integridade física. Na medida em que essas crianças estão nas ruas consumindo drogas e isso pode levá-las a morte, com uma ausência nítida da família, o poder público tem não só o direito, mas o dever de intervir.



O secretário afirmou que a prefeitura possui 60 vagas exclusivas para tratar menores dependentes químicos, mas que esse número vai subir para 130.


Os critérios para decidir quem precisa de internação serão clínicos, segundo o secretário. Serão feitos exames e avaliações médicas e psicológicas que vão verificar quem deve ou não ser submetido à internação.

Caso a família de um desses jovens queira impedir a internação dele, a secretaria, com apoio do Conselho Tutelar e da Vara da Infância, vai avaliar se a família tem condições de cuidar do menor ou não. Caso não tenha, ele será internado.




AINDA MAIS DOENÇAS MENTAIS?

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), publicado pela American Psychiatric Association, é o método oficial de se fazerem diagnósticos psiquiátricos nos Estados Unidos, sendo também amplamente utilizado ao redor do mundo, em especial com propósitos de pesquisas. A atual edição, o DSM-IV, foi publicada em 1994. A primeira versão da próxima revisão, o DSM-V, foi postada recentemente na Internet (www.dsm5.org) e foi acompanhada por considerável fanfarra por parte da imprensa e também por controvérsia profissional.



O DSM-V está sendo preparado há três anos, e seu lançamento está previsto para 2013.

A experiência com o DSM-IV deveria servir como uma dura lição e ser motivo de cautela. Foram engendrados esforços para que fosse conservador e rigoroso. No entanto, o DSM-IV foi um colaborador não intencional para o surgimento de três “epidemias” de falso-positivos. Sua publicação coincidiu com altas taxas de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, transtorno autista e transtornos bipolares na infância. Cabe ressaltar que outros fatores contribuíram para essas epidemias, particularmente o esforço generalizado do marketing por parte das indústrias farmacêuticas, voltado para os médicos e para o público em geral.



Quando o sistema diagnóstico encontra-se em uso geral, mesmo pequenas mudanças podem ser amplificadas e distorcidas, com consequências lesivas e não intencionais. As propostas contidas na primeira versão do DSM-V poderiam potencialmente disparar pelo menos oito novas epidemias de falsos-positivos para transtornos psiquiátricos. Em seus esforços para inovar, os grupos de trabalho podiam expandir o território do transtorno mental e estreitar a faixa de normalidade. Com isso, cinco novos diagnósticos propostos são definidos por sintomas inespecíficos comuns na população geral – comer compulsivo, ansiedade e depressão mistas, problema neurocognitivo menor, risco de psicose e desregulação de humor. Três transtornos já existentes teriam uma grande diminuição em seu limiar já inclusivo demais: o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, o transtorno bipolar e o transtorno depressivo maior.



As mudanças sugeridas para o DSM-V são bem intencionadas, pretendendo promover a identificação e o tratamento precoces de transtornos mentais e reduzir a resistência ao tratamento. O problema é que cada aumento na sensibilidade de um diagnóstico psiquiátrico é acompanhado por uma queda concomitante em sua especificidade. Falso-negativos só podem ser reduzidos ao custo de se produzirem mais falso-positivos. Como as alterações sugeridas ocorrem todas no limite entre o transtorno mental e a normalidade, elas poderiam criar um grande número de novos “pacientes” diagnosticados de maneira errônea.



As consequências disso são graves. Para os indivíduos, elas incluem o tratamento desnecessário com medicamentos que não têm benefícios comprovados, porém têm danos conhecidos (particularmente ganho de peso); estigma; dificuldade para conseguir seguros de vida e para incapacidade; e redução no senso de responsabilidade e controle próprios. Para a sociedade, há o ônus do tratamento desnecessário; o desvio de recursos escassos de pessoas que necessitam deles para pessoas que, em essência, não necessitam; e redução no moral e na resiliência, pois os problemas da vida diária se tornam medicalizados como transtornos mentais.



A identificação e a intervenção precoces exigem a disponibilidade de um diagnóstico específico (com baixa taxa de falso-positivos) e de um tratamento seguro e eficaz. As sugestões para o DSM-V ofereceriam o pior de todos os mundos possíveis, pois lançariam uma rede ampla o suficiente para garantir a cobertura dos falsos-positivos. Além disso, a eficácia dos tratamentos correspondentes ainda não foi comprovada, e sua segurança – em especial a dos antipsicóticos atípicos, que podem causar ganho de peso – está sob dúvida.



Há 200 anos, Pinel definiu o domínio da psiquiatria com a primeira classificação sistemática de seus transtornos. Cada novo sistema a partir de então expandiu progressivamente seus limites. Os transtornos antigos quase nunca são descartados; no entanto, novos transtornos e limiares mais baixos tomaram mais espaço na normalidade. Quem é responsável por isso? As classificações psiquiátricas são inevitavelmente criadas por especialistas. Especialistas têm pavor de falso-negativos, porém podem ficar cegos aos problemas dos falso-positivos. Desse modo, deve-se estar ciente de que os transtornos originados e estudados em ambientes altamente seletivos de pesquisa criam vida própria quando transplantados para o contexto de atenção primária e alimentados por promoções da indústria farmacêutica. O entusiasmo dos especialistas deveria ser sempre contido por uma cuidadosa análise de risco-benefício incluindo uma revisão crítica da literatura científica, testes de campo em atenção primária e consideração de todas as possíveis consequências não intencionais. Tais análises provavelmente mandariam por “água abaixo” a perspectiva de todos os diagnósticos falsos-positivos sugeridos para o DSM-V e, portanto, nos poupariam de ter mais uma rodada de caras e perigosas epidemias iatrogênicas.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Oxi: nova "velha" droga!

A Polícia Federal encomendou uma série de estudos científicos sobre o oxi, variação mais barata do crack, cujo número de apreensões tem crescido nos últimos meses nas regiões Sul e Sudeste. Segundo o delegado Oslain Santana, chefe do setor de Repressão a Entorpecentes da PF, os indícios mostram que o oxi não passa de uma versão fumável da pasta base de coca. Segundo o delegado, também não existe base científica para afirmar que a droga seja mais tóxica ou letal do que o crack.



“É preciso desmitificar essa história de oxi. Solicitamos um estudo científico para verificar, mas tudo leva a crer que aquilo que está sendo chamado de oxi é a pasta base de coca solidificada”, disse Santana.



Questionado se o oxi é mais tóxico ou letal do que o crack ou a cocaína, conforme afirmações feitas por especialistas nas últimas semanas, ele respondeu: “não existe comprovação científica”.As diferenças e semelhanças entre o oxi e a pasta base de coca são objeto de debate no meio policial há pelo menos seis anos. Em artigo publicado em agosto de 2005 na revista “Perícia Federal”, da Associação dos Peritos Criminais Federais, o perito Marcus Vinícius de Oliveira Andrade dizia: “No laboratório, quanto aos ensaios físico-químicos mais corriqueiros realizados para a cocaína, não há distinção clara entre aquilo que é chamado de oxi e da pasta base”.



Segundo o perito, as diferenças de odor, cor e consistência das amostras estudadas são consequência da procedência, métodos de refino e qualidade dos solventes usados na produção de cada lote apreendido.



As informações da PF derrubam outro mito a respeito do oxi, pelo qual o uso de cal virgem, querosene e gasolina na preparação, em vez do bicabornato de sódio e amoníaco do crack, tornariam a “nova” droga mais letal.



“Cal virgem, gasolina e querosene são os produtos mais usados na primeira etapa da preparação da coca”, disse o delegado.



No chamado método colombiano de refino, o mais comum, as folhas de coca são mergulhadas em uma solução de cal virgem e gasolina ou querosene. Este processo serve para extrair o alcalóide que possui o princípio ativo da droga e resulta em uma massa dura de cor ocre amarelada, a pasta base.



A segunda etapa é a purificação. Se o objetivo for a obtenção da cocaína em pó (cloridrato de cocaína), são usados solventes nobres e caros como o éter e a acetona para eliminar as impurezas e aumentar a pureza e o valor agregado da droga.



Se o objetivo for o crack, existem dois caminhos básicos. Um deles é submeter o pó de cocaína a um processo de aquecimento, resfriamento e adição de bicarbonato de sódio ou amoníaco para que o pó se transforme em pedra e possa ser fumado.Uma alternativa, mais popular e barata, é submeter a pasta base ao mesmo processo de solidificação.

A PF desconfia que os traficantes estão vendendo diretamente a pasta base, sem passar pelo processo de solidificação, para baratear o produto.



O fato de o oxi ter surgido no Acre é outro indício de que a “nova droga” é na verdade a velha pasta base. O estado não é um mercado consumidor, é uma rota do tráfico, onde há fartura de pasta base.



“Abundante na região, a pasta base não possui um preço tão elevado quanto o cloridrato de cocaína (pó) ou mesmo o crack, formas menos frequentes de serem encontradas no Acre. A pasta, bastante acessível, é a forma de cocaína consumida pelas camadas mais pobres da população. Talvez daí tenha surgido o oxi, a pasta base fumada. O nome oxi, aliás, pode ser ainda originário do fato de a pasta base encontrada na região já ter passado pelo processo de oxidação, pela ação do permanganato de potássio”, diz o artigo da revista “Perícia Federal”.



“A pasta base tem entre 40% e 50% de coca. É uma concentração alta. E pode perfeitamente ser fumada”, disse o perito criminal federal Adriano Maldaner, chefe do maior laboratório de pesquisa de entorpecentes do Brasil e responsável pelo estudo sobre o oxi.



Segundo ele, em aproximadamente duas semanas os primeiros resultados do estudo serão divulgados.

Álcool e Hipocampo

Pesquisadores espanhóis descobriram que uma bebedeira pode destruir a memória de longo prazo de jovens adultos.



A informação foi publicada nesta terça-feira (17) no site do jornal britânico "The Telegraph".



Eles acreditam que o consumo abusivo de álcool torna mais difícil a construção de novas memórias, pois o hipocampo -uma área no centro do cérebro que desempenha papel-chave na aprendizagem e memória- é muito suscetível aos seus efeitos tóxicos.



A descoberta é preocupante, pois a embriaguez é um problema crescente no Reino Unido e em outros países europeus, particularmente em jovens e universitários.



O estudo com universitários descobriu que o consumo excessivo de álcool afeta a memória declarativa -uma forma de memória de longo prazo. Os estudantes mostraram uma redução na capacidade de aprender novas informações que lhes são transmitidas verbalmente.




Em uma escala, eles obtiveram as menores pontuações em dois testes para saber quanto conhecimento eles retiveram e recolheram.



Segundo a pesquisadora Maria Parada, da Universidade de Santiago de Compostela, "em países do norte europeu, há uma forte tradição de consumo esporádico, orientado, de álcool. Em contraste, os países da costa do Mediterrâneo, como a Espanha, são tradicionalmente caracterizados por um consumo mais regular de baixas doses de álcool."



"É importante examinar os efeitos do álcool no hipocampo, pois em estudos com animais, especialmente em ratos e macacos, esta região parece sensível aos efeitos neurotóxicos do álcool, e ela desempenha um papel fundamental na memória e aprendizado. Em outras palavras, o consumo excessivo de álcool pode afetar a memória de jovens adultos, o que pode prejudicar o seu dia a dia."



O estudo, publicado na revista "Alcoholism: Clinical & Experimental Research", analisou 122 estudantes universitários espanhóis, com idades entre 18 a 20 anos. Eles foram divididos em dois grupos: os que beberam e os que se abstiveram.



Foram então submetidos a uma avaliação neuropsicológica que incluiu recordar experiências visuais e verbais.



"Nossa principal descoberta foi uma clara associação entre o consumo excessivo de álcool e a menor capacidade de aprender novas informações verbais em universitários saudáveis, mesmo após o controle de outras possíveis variáveis, como nível intelectual, histórico de distúrbios neurológicos ou psicopatológicos, uso de outras drogas, ou histórico familiar de alcoolismo", disse Parada.