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sexta-feira, 27 de março de 2009

SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA DO ÁLCOOL (SAA) E SEU TRATAMENTO

Pessoas que bebem de forma excessiva, quando diminuem o consumo ou se abstêm completamente, podem apresentar um conjunto de sintomas e sinais, denominados Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA).
Uma série de fatores influenciam o aparecimento e a evolução desta síndrome, entre eles: a vulnerabilidade genética, o gênero (sexo), o padrão de consumo de álcool (quantidade e frequencia do uso), as características individuais biológicas e psicológicas e os fatores sócio-culturais.
Os sinais e sintomas mais comuns da SAA são: agitação, ansiedade, alterações de humor (irritabilidade, disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia (coração disparado), hipertensão arterial (pressão alta). Podem ocorrer complicações como: alucinações, o Delirium Tremens (DT) e convulsões.
Os sintomas e sinais da SAA estão relacionados à alteração nos níveis de liberação de noradrenalina e dopamina.
A liberação de dopamina, durante a SAA, apresenta queda a níveis inferiores aos observados no período anterior à exposição crônica ao álcool.



COMO SE FAZ DIAGNÓSTICO DE SAA?

A redução ou a interrupção do uso do álcool em pacientes dependentes produz um conjunto bem definido de sintomas chamado de síndrome de abstinência. Embora alguns pacientes possam experimentar sintomas leves, existem aqueles que podem desenvolver sintomas e complicações mais graves, levando-os até a morte.
O quadro se inicia após 6 horas da diminuição ou interrupção do uso do álcool, quando aparecem os primeiros sintomas e sinais. São eles: tremores, ansiedade, insônia, náuseas e inquietação. Sintomas mais severos ocorrem em aproximadamente 10% dos pacientes, e incluem febre baixa, taquipnéia (respiração acelerada), tremores e sudorese profusa.
Em cerca de 5% dos pacientes não tratados, as convulsões podem se desenvolver.
Outra complicação grave é o delirium tremens , caracterizado por alucinações, alteração do nível da consciência e desorientação. A mortalidade nos pacientes que o apresentam é de 5 a 25%.

NÍVEL DE GRAVIDADE DA SAA:

Nível I – Quando o comprometimento é LEVE/MODERADO e, portanto, apresenta uma síndrome de abstinência leve/moderada, compreendendo os seguinte aspectos:
BIOLÓGICOS: leve agitação psicomotora; tremores finos de extremidades; sudorese facial discreta; episódios de cefaléia; náuseas sem vômitos; sensibilidade visual, sem alteração da percepção auditiva e tátil.
PSICOLÓGICOS: o contato com o profissional de saúde está íntegro; o paciente encontra-se orientado temporoespacialmente; o juízo crítico da realidade está mantido; apresenta uma ansiedade leve; sem relato de episódio de violência auto ou heterodirigida.
SOCIAIS: mora com familiares ou amigos e esta convivência está regular ou boa; sua atividade produtiva vem sendo desenvolvida, mesmo que atualmente esteja desempregado/afastado, a rede social está mantida.
COMÓRBIDOS: sem complicações e/ou comorbidades clínicas e/ou psiquiátricas graves detectadas ao exame clínico-psiquiátrico geral.

Para os pacientes classificados como nível I deve ser informado com clareza sobre o diagnóstico, recebendo orientações sobre a dependência do álcool e sobre a síndrome de abstinência, além de tratamento específico para a fase de privação aguda de acordo com a necessidade. O encaminhamento será direcionado para o tratamento ambulatorial especializado, com ou sem desintoxicação domiciliar.

Nível II – Quando o comprometimento é GRAVE e, portanto, apresenta uma síndrome de abstinência grave com os seguintes aspectos:
BIOLÓGICOS: agitação psicomotora intensa; tremores generalizados; sudorese profusa; cefaléia; náuseas com vômitos; sensibilidade visual intensa; quadros epiletiformes agudos ou relatados na história pregressa.
PSICOLÓGICOS: o contato com o profissional de saúde está prejudicado; o paciente encontra-se desorientado temporoespacialmente; o juízo crítico da realidade está comprometido; apresenta-se com uma ansiedade intensa; refere história de violência auto ou heterodirigida; o pensamento está descontínuo, rápido e de conteúdo desagradável e delirante; observam-se alucinações auditivas, táteis ou visuais.
SOCIAIS: o relacionamento com familiares ou amigos está ruim; tem estado desempregado, sem desenvolver qualquer atividade produtiva; a rede social de apoio é inexistente ou restrita ao ritual de uso do álcool; não possui familiares auxiliando no tratamento.
COMÓRBIDOS: com complicações e/ou comorbidades clínicas e/ou psiquiátricas graves detectadas ao exame geral.

Para os pacientes nível II, a emergência clínica-psiquiátrica será a melhor intervenção, solicitando-se a presença imediata de familiares ou amigos para orientação quanto à gravidade do quadro. O paciente será encaminhado para tratamento hospitalar especializado, sendo que a família deverá receber uma intervenção psicoeducacional sobre o transtorno, concomitantemente.


PRINCIPAIS COMORBIDADES COM A SAA:


SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Apagamentos (amnésia lacunar)
Convulsão
Diminuição da habilidade motora e transtornos motores
Diminuição da capacidade cognitiva
Neuropatia sensório-motora periférica
Síndrome de “Wernicke-Korsakoff”: oftalmoplegia + ataxia +
Confusão mental + alterações de memória.
Degeneração cerebelar
Encefalopatia hepática
Demência relacionada ao álcool
Transtornos neuropsicológicos relacionados ao álcool
Traumatismo crânio encefálico
SISTEMA GASTROINTESTINAL
Pancreatite crônica
Esteatose hepática
Hepatite alcoólica
Hemorragia digestiva
Cirrose hepática com ou sem hepatite alcoólica
Gastrite
Esofagite de refluxo
Tumores

SISTEMA ÓSTEO-MUSCULAR
Fraqueza muscular proximal
Miopatia generalizada
Osteopenia
Quedas freqüentes e fraturas
ANORMALIDADES HEMATOLÓGICAS
Distúrbios de coagulação
Anemias por deficiência nutricional

SISTEMA CARDIOVASCULAR
“Holiday Heart Syndrome”: episódios de arritmia supraventricular após grande ingestão alcoólica
Arritmias: fibrilação atrial, flutter atrial, extrassistolia
Insuficiência cardíaca
Miocardiopatia alcoólica
Hipertensão arterial
SISTEMA ENDÓCRINO
Hipoparatireoidismo transitório
Alteração do ritmo menstrual
Impotência sexual (por diminuição de testosterona)
Ginecomastia
Diabetes
Infertilidade
Diminuição da libido
Diminuição dos caracteres sexuais masculinos
ALTERAÇÕES METABÓLICAS
Hipomagnesemia
Hipoglicemia
Hipopotassemia
Cetoacidose
RENAL
Rabdomiólise / Insuficiência Renal Aguda

DERMATOLÓGICO
Pelagra
Afecções secundárias de pele
Eczemas
Queda de cabelo
Aranhas vasculares
Eritema palmar
Dermatite seborréica, rinofima
Prurido
Rubor facial
Ecmoses
Xerodermia
ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS
Deficiências vitamínico-minerais
Deficiências protéicas

As principais comorbidades e/ou complicações psiquiátricas são:

Alterações do sono
Transtorno de personalidade anti-social
Suicídio e ideação suicida
Transtornos depressivos
Transtornos ansiosos


EXAMES LABORATORIAIS

Para complementar a avaliação inicial é necessário que se realize alguns exames laboratoriais com o objetivo de investigar adequadamente as alterações orgânicas decorrentes da dependência do álcool e que influenciam a síndrome de abstinência. Os exames indicados são: o volume corpuscular médio (VCM); os níveis das enzimas hepáticas (TGO,TGO,GGT) e eletrólitos, como o magnésio, o sódio e o potássio.
Para o diagnóstico diferencial das complicações podem ser solicitados outros exames: radiografia ou ultrassonagrafia de tórax, abdome e/ou crânio ou tomografia computadorizada de crânio.


TRATAMENTO DA SAA:

Os objetivos do tratamento da síndrome de abstinência do álcool são:
1. o alívio dos sintomas existentes;
2. a prevenção do agravamento do quadro com convulsões e delirium;
3. a vinculação e engajamento do paciente no tratamento da dependência propriamente dita;
4. a possibilidade de que o tratamento adequado da SAA possa prevenir a ocorrência de síndromes de abstinência mais graves no futuro.

Tratamento ambulatorial:

A atitude do profissional de saúde deve ser acolhedora, empática e sem preconceitos. O tratamento da SAA (quadro agudo) é um momento privilegiado para motivar o paciente para o tratamento da dependência (quadro crônico). Deve-se esclarecer a família e, sempre que possível, o próprio paciente sobre os sintomas apresentados, sobre os procedimentos a serem adotados e sobre as possíveis evoluções do quadro. Deve ser propiciado ao paciente e à família o acesso facilitado a níveis mais intensivos de cuidados (serviço de emergência, internação) em casos de evolução desfavorável do quadro. É importante ainda reforçar a necessidade de comparecimento nas consultas remarcadas, que serão tão freqüentes quanto possível, nos primeiros 15 dias do tratamento.

Abordagem não-farmacológica:

• Orientação da família e do paciente quanto à natureza do problema, tratamento e possível evolução do quadro;
• Propiciar ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
• A dieta é livre, com atenção especial à hidratação;
• O paciente e a família devem ser orientados sobre a proibição do ato de dirigir veículos;
• As consultas devem ser marcadas o mais brevemente possível para reavaliação.

Abordagem farmacológica:

• Reposição vitamínica: tiamina intramuscular, nos primeiros 7-15 dias; após este período a via é oral. Doses de 300mg/dia de tiamina são recomendadas com o objetivo de evitar a Síndrome de Wernicke, que cursa com ataxia, confusão mental e anormalidades de movimentação ocular extrínseca (esta última, nem sempre presente);
• Benzodizepínicos (BDZs): a prescrição deve ser baseada em sintomas. Dessa forma, as doses recomendadas são as que, em média, o paciente pode receber num determinado dia. O paciente e os familiares devem ser informados a respeito dos sintomas a serem monitorados e orientados sobre a conveniência de utilizar a maior dosagem da medicação à noite. Se houver qualquer sintoma de dosagem excessiva de BZD, como sedação, deve-se proceder a interrupção da medicação.
Diazepam: 20mg via oral (VO) por dia, com retirada gradual ao longo de uma semana OU Clordiazepóxido: até 100mg VO por dia, com retirada gradual ao longo de uma semana.
Nos casos de hepatopatias graves: Lorazepam: 4mg VO por dia, com retirada gradual em uma semana.

Ocorrendo falha (recaída ou evolução desfavorável) dessas abordagens, a indicação de ambulatório deve ser revista, com encaminhamento para modalidades de tratamento mais intensivas.

Internação domiciliar

O paciente deve permanecer restrito em sua moradia, com a assistência dos familiares.

Abordagem não-farmacológica:
• A orientação da família deve ter ênfase especial em questões relacionadas à orientação têmporo-espacial e pessoal, níveis de consciência, tremores e sudorese;
• Propiciar ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
• A dieta é leve, desde que tolerada, com atenção especial à hidratação;
• Visitas devem se restritas, assim como a circulação do paciente.




Abordagem farmacológica:
• Reposição vitamínica: a mesma recomendada para o tratamento ambulatorial;
• Benzodiazepínicos (BDZs): a prescrição deve ser baseada em sintomas. Dessa forma, as doses recomendadas são as médias que o paciente pode atingir num determinado dia; o paciente e os familiares devem ser informados a respeito dos sintomas a serem monitorados e orientados sobre a conveniência de utilizar a maior dosagem da medicação à noite. Deve-se ressaltar que a dose adequada é aquela que diminui os sintomas da abstinência, e que, portanto, em algumas situações, doses muito maiores do que esta recomendada podem ser indicadas.
Diazepam: 40 mg via oral (VO) por dia, com retirada gradual ao longo de uma semana; OU Clordiazepóxido: 200mg VO por dia, com retirada gradual ao longo de uma semana. Nos casos de hepatopatias graves: Lorazepam: 8mg VO por dia, com retirada gradual em uma semana.
Na recaída ou evolução desfavorável, está indicado o tratamento hospitalar.

Tratamento hospitalar

Esta modalidade é reservada aos casos mais graves, que requerem cuidados mais intensivos. Doses mais elevadas de BZDs são geralmente necessárias e sua prescrição deve ser baseada em sintomas avaliados de hora em hora. Deve ser dada atenção especial à hidratação e correção de distúrbios metabólicos (eletrólitos, glicemia, reposição vitamínica). Em alguns casos, a internação parcial (hospital dia ou noite) pode ser indicada, e, nestes casos, a orientação familiar sobre a necessidade de comparecimento diário deve ser reforçada e a retaguarda para emergências deve ser bem esclarecida. A utilização de “bafômetro”, quando esse recurso está disponível, pode ser feita na chegada do paciente na unidade.

Abordagem não-farmacológica:
• Monitoramento do paciente deve ser freqüente, com aplicação da escala Clinical Institute Withdrawal Assessment for Alcohol, Revised - CIWA-Ar (anexo 1), que orienta a avaliação do paciente em relação à gravidade da SAA e a necessidade de administração de medicamentos.
• A locomoção do paciente deve se restrita.
• As visitas devem ser limitadas, pois o ambiente de tratamento deve ser calmo, com relativo isolamento, de modo a ser propiciada uma redução nos estímulos audiovisuais.
• A dieta deve ser leve, quando aceita. Pacientes com confusão mental devem permanecer em jejum, pois existe o risco de aspiração e complicações respiratórias. Nesses casos, deve ser utilizada a hidratação por meio de 1.000 ml de solução glicosada 5%, acrescida de 20ml de NaCl 20% e 10ml de KCl 19,1%, a cada 8 horas.

O que NÃO fazer:

• A administração de glicose, indiscriminadamente, por risco de ser precipitada a síndrome de Wernicke. A glicose só deve ser aplicada parenteralmente após a administração de tiamina;
GUIMARÃES ROSA - SOBRE LOUCURA E RELIGIÃO

Hem? Hem? O que mais penso, testo e explico: todo mundo é louco. O senhor,eu, nós, as pessoas todas. Por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara loucura. No geral. Isso é que é a salvação da alma…Muita religião, seu moço! Eu cá não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio… Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. (...) Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca.Estremeço. Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. (...) Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada - erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Acho que o espírito da gente é cavalo que escolhe estrada: quando ruma para tristeza e morte, vai não vendo o que é bonito e bom.

Guimarães Rosa (Riobaldo)Grande Sertão: Veredas.

PROGRAMA DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS - HISTÓRIA

PROGRAMA DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

A HISTÓRIA DO A.A.

A Irmandade de Alcoólicos Anônimos nasceu na cidade de Akron, Ohio, Estados Unidos, em 1935, quando um homem de negócios de Nova Iorque, sóbrio pela primeira vez em anos, procurou outro alcoólico e foi conduzido a um médico da localidade.

Durante seus poucos meses da recém-encontrada sobriedade, o homem de Nova Iorque constatou que seu desejo de beber diminuía quando tentava ajudar outros a alcançarem a sobriedade.

Trabalhando juntos, estes dois homens, Bill e Dr. Bob, co-fundadores de A.A. descobriram que sua capacidade de permanecer sóbrios parecia estar bastante ligada ao grau de ajuda e encorajamento que conseguiam dar a outros alcoólicos.

Durante quatro anos, o novo movimento, sem nome e sem nenhuma organização ou material informativo, cresceu lentamente. Formaram-se grupos em Akron, Nova Iorque, Cleveland e outros locais.

Em 1939, com a publicação do livro “Alcoólicos Anônimos”, do qual foi tirado o nome para a Irmandade e contando com a ajuda de vários amigos não alcoólicos, A.A. começou a atrair a atenção nacional e internacional.




A.A. E A RELIGIÃO

Embora não adotando nenhuma religião em particular, a Irmandade de Alcoólicos Anônimos assimilou e incorporou aos seus princípios básicos, alguns dos ensinamentos espirituais e morais, comuns a todas as denominações religiosas. Profunda, gratificante, e sobretudo inspiradora, foi a assistência recebida pelos co-fundadores de A.A. de parte do Padre Ed. Dowling, da Ordem Jesuíta de St. Lous, e do Clérigo Episcopal Sam Shoemaker, tido como o principal inspirador dos Doze Passos de A.A.

Em todos os países onde se instalaram grupos de A.A.,a Irmandade tem encontrado estímulo e apoio por parte dos líderes religiosos local, independentemente da religião predominante em qualquer desses países. A essa regra geral não foge o Brasil, onde até mesmo a grande maioria dos grupos está instalada em salões paroquiais, predominando, como é natural, os pertencentes às igrejas católicas.

A exemplo do que acontece com médicos amigos, também alguns religiosos participam, e participam ativamente, dos serviços organizados de A.A., em diversos países.

(extraído do livreto Alcoólicos Anônimos Primeiras Noções para o Público em geral, com aut.da JUNAAB)


O PROGRAMA DE 12 PASSOS:



Os Doze Passos de A.A. consistem em um grupo de princípios, espirituais em sua natureza que, se praticados como um modo de vida, podem expulsar a obsessão pela bebida e permitir que o sofredor se torne íntegro, feliz e útil. Não são teorias abstratas; são baseadas na experiência dos êxitos e fracassos dos primeiros membros de A.A.

OS DOZE PASSOS



PRIMEIRO PASSO:
Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

SEGUNDO PASSO:
Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.

TERCEIRO PASSO:
Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.

QUARTO PASSO:
Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

QUINTO PASSO:
Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.

SEXTO PASSO:
Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

SÉTIMO PASSO:
Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

OITAVO PASSO:
Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

NONO PASSO:
Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.

DÉCIMO PASSO:
Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

DÉCIMO PRIMEIRO PASSO:
Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade.

DÉCIMO SEGUNDO PASSO:
Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

consultar o Livro: "OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES" Disponível na JUNAAB - Junta de Serviços Gerais de A.A. do Brasil. Avenida Senador Queiroz, 101 2 andar cj 205 Caixa Postal 580 - CEP 01060-970 São Paulo/SP - Brasil
PROGRAMA DE 12 PASSOS DO AA
Os Doze Passos (para os Alcoólicos Anônimos) são:

1- Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
2- Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.
3- Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.
4- Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
5- Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
6- Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
7- Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
8- Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
9- Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.
10- Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
11- Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
12- Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcóolicos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.

domingo, 15 de março de 2009

COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS NO TRATAMENTO DO USO ABUSIVO DE PSICOTRÓPICOS

O QUE É TRANSTORNO MENTAL?


É o conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado a sofrimento e interferência em funções sociais.




O QUE É COMORBIDADE?


É a ocorrência de dois diagnósticos (doenças) em um mesmo indivíduo.
Das 10 doenças mais comuns hoje, 5 são Psiquiátricas:
Depressão
Alcoolismo
Transtorno Afetivo Bipolar
Esquizofrenia
Transtorno Obsessivo-Compulsivo



Em portadores de Transtornos Mentais, o abuso ou dependência de substância é a comorbidade mais freqüente.


Platão já citou a associação (comorbidade) da mania e uso de álcool.
A associação dessas 2 doenças traz conseqüências mais sérias tanto para o transtorno mental quanto para a dependência de substâncias.
Há um grande aumento de incidência de comorbidades. Parece que portadores de transtorno mental tendem a fazer uso de drogas como se fosse "remédio", e a disponibilidade de drogas está aumentada.




Como diagnosticar as Comorbidades?


O paciente deve consultar um Médico Psiquiatra, que investigará usando as seguintes ferramentas:

História familiar
Exames laboratoriais
Questionários direcionados
Testes psicológicos
Observação clínica
Uso do CID10 ou DSM IV



Quais são os Transtornos Psiquiátricos mais comuns entre os dependentes de álcool e outras substâncias?


-Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)


É o Transtorno mais comum em crianças e o mais subdiagnosticado em adultos.


Caracteriza-se por desatenção, hiperatividade motora e impulsividade.


Prevalência de 10% em escolares e 5% em adultos.


A cada 10 portadores de TDAH, 4 são usuários de substâncias.


A Nicotina ameniza sintomas da síndrome nos receptores noradrenérgicos envolvidos na regulação da atenção, ou seja, o cigarro é muito mais gratificante para um portador de TDAH. A cada 10 portadores, 9 são tabagistas.


Portadores de TDAH experimentam drogas mais cedo, usam-nas em maior quantidade, demoram mais para buscar tratamento e apresentam mais problemas no tratamento.


O tratamento deve envolver educação sobre a doença, sintomas e suas conseqüências (baixa auto-estima, comportamento de risco, dificuldade em seguir programa de 12 passos) para que o portador e sua família tenham condições de superar as dificuldades.




-Transtorno de Ansiedade


É o mais comum na população geral (1 em cada 4 pessoas)


Mais comum entre dependentes que entre abusadores de drogas.


O ansioso tende a "beber para relaxar ou para enfrentar" e se torna dependente mais rápido.


A cada 10 pacientes que buscam abstinência, 7 têm transtorno de ansiedade.


O Transtorno de Pânico pode ser uma consequencia do uso de cocaína



A cada 10 portadores de Fobia Social, 5 são dependentes de álcool.


Portadores de transtorno de ansiedade fazem uso de substâncias como auto-medicação, na tentativa de equilibrar o sistema excitatório muito ativo (alarme). Porém, a substância que em um primeiro momento relaxa, tranquiliza, em um segundo momento leva ao agravamento do transtorno primário.

Tratamento:
Devemos evitar uso de benzodiazepínicos (medicamentos de tarja-preta), já que eles causam dependência rápida.
O uso de antidepressivos é mais seguro e melhor indicado– reduz ansiedade, o desejo de beber, reduz recaídas. Não há potencial de abuso/dependência dos antidepressivos.




-Transtorno Afetivo Bipolar (TAB)


A cada 10 portadores de TAB, há 3 dependentes de álcool e 1 de drogas.



Há 2 casos de suicídio em cada 10 portadores de TAB - por isso a importância de um tratamento adequado, incluindo apoio familiar. A impulsividade e falta de crítica durante as crises de euforia (mania) aumentam o risco de suicídio.


Tratamento:
Orientações, atenção às tentativas de suicídio, controle sanguíneo da medicação.
O uso de psicotrópicos para estabilizar o humor é indispensável
Há perdas cognitivas leves durante as "crises" ou "ciclos", por isso ela precisam ser evitadas.




-Transtorno Depressivo


A cada 10 dependentes químicos, 5 apresentam quadros depressivos.


Deve-se investigar se a depressão é doença primária ou secundária ao uso.


Etanol (álcool) tem efeitos euforizantes e ansiolíticos fugazes e efeitos ansiogênicos e depressivos duradouros.


Tratamento:
Controle da vontade, motivação e auto-estima
Antidepressivos – indicação que considere outros comprometimentos clínicos. Reduzem o consumo de álcool e recaídas.




-Transtorno de Personalidade (TP):


Os Transtornos de Personalidade foram descritos pela primeira vez por Kurt Schneider: "Psicopata é aquele que sofre ou que faz sofrer a sociedade. Não aprende com seus erros" (1887)


TP Borderline 10:8 Abuso de substâncias


TP Antissocial 10:9 Abuso de substâncias


Não se vinculam
Resistentes às mudanças de estágio no programa de 12 passos
Baixa aderência ao tratamento
Abandono precoce do tratamento
Dificuldade em seguir regras e em aceitar figuras de autoridade
Manipuladores
Insensível "ao outro"
Baixíssima tolerância às frustrações.

Tratamento Farmacológico:
Não há medicação específica
Controle de sintomas – reação ao estresse e impulsividade
Evitar benzodiazepínicos
Usar antidepressivos ou antipsicóticos em baixas doses.




-Transtornos Psicóticos


Sintomas: agitação, delírios paranóides, persecutórios, desorientação, confusão mental, alucinações auditivas e visuais, impulsividade e violência -> Investigar substâncias na urina


12% dos casos de esquizofrenia na Inglaterra foram desencadeados pelo uso de maconha.
Esquizofrenia 10:5 abuso de substâncias

A cada "crise" ou "surto" há perda irreversível de funções cognitivas.


Tratamento: Sempre usar antipsicóticos para evitar novos surtos
Trabalhar rede de apoio (família)




-Transtornos Alimentares


Anorexia Nervosa
Peso corporal 15% abaixo do esperado
IMC <>Bulimia Nervosa
Hiperfagia seguida por medo de engordar "neutralizado" por vômito auto-induzido, períodos de inanição, uso de laxantes, diuréticos e anorexígenos.
Peso normal
Após 6 meses de tratamento, 50% apresentam recaídas.


Metade do número de portadores de Transtorno alimentar faz uso de substâncias, principalmente na bulimia (cocaína, anfetaminas e crack para controlar o peso)
Tratamento:
Fluoxetina
Bupropiona é contra-indicado.


-Tabagismo

50% dos pacientes psiquiátricos fumam (contra apenas 25% da população geral)
Nicotina é droga que causa morte lenta e silenciosa
50% da população geral consegue parar de fumar, apenas 15% dos pacientes psiquiátricos o fazem.
Falsas crenças: Os pacientes Psiquiátricos não conseguirão parar de fumar; sem o cigarro ficarão ansiosos e agressivos.
Nicotina atinge o cérebro em 9 segundos
Funções cognitivas complexas: atenção, aprendizado, memória, percepção, controle motor e dor.
Estimula liberação de dopamina e serotonina -> sensação de prazer
Tabagistas 10:6 Depressão
Alcoolistas 10:9 Tabagistas
Usuários de drogas 20:19 Tabagistas
Tabagismo
Tratamento:
Estratégias motivacionais
Modificação do uso de outras drogas / álcool
Bupropiona
Antidepressivos
Não fumantes mantém-se abstinentes de substâncias por períodos maiores que os fumantes.
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DAS DROGAS

Falar em causas e conseqüências das drogas implica em sair dos limites da Medicina. É preciso pensar em Sociedade, Família, Religião, Profissão, Psicologia, Mídia, Polícia e Política. Não existe uma só causa, ou uma só conseqüência.


O QUE É DROGA?
DROGA é qualquer substância capaz de modificar o funcionamento fisiológico (normal), mental ou comportamental de um indivíduo.
Inclui medicamentos (drogas lícitas) e plantas.
As drogas capazes de alterar o funcionamento mental ou psíquico são denominadas drogas psicotrópicas ou simplesmente psicotrópicos.
Costumamos usar a palavra droga para falar de substâncias que apresentam potencial de abuso e que podem causar dependência.


QUANDO O HOMEM COMEÇOU A USAR DROGAS?



A história das drogas acompanha a história da humanidade. Temos relatos muito antigos do uso de chás e álcool em rituais religiosos ou em comemorações em todas as civilizações. A alteração da consciência é algo que desperta a curiosidade do homem e o leva a experimentar substâncias psicoativas.

COMO SABER SE ALGUÉM PODE FICAR DEPENDENTE DA DROGA?

A dependência de drogas (lícitas e ilícitas) é conseqüência de uma interação entre os genes, a seqüência temporal dos ambientes externos aos quais estamos sujeitos durante a vida e eventos aleatórios de interações moleculares que ocorrem dentro das células individuais. São essas as interações que devem ser incorporadas em uma explicação adequada acerca da formação da dependência. Uma grande parte das pessoas se envolverá em uso ocasional, porém outra parte se tornará dependente, possivelmente devido a uma memória que a droga cria no cérebro, nos sistemas de gratificação cerebrais. Memória esta que é despertada principalmente em diversas situações emocionais e ambientais. Nessas situações, através de mecanismos desconhecidos, o indivíduo sente necessidade da droga.
A incidência de alcoolismo em filhos de pais dependentes de álcool é de três a quatro vezes maior do que entre os filhos de não dependentes. Estudos em gêmeos também tendem a confirmar esta predisposição. Existem vários modelos propostos para explicar este fenômeno, mas nenhum comprovado definitivamente.

O NÚMERO DE USUÁRIOS DE DROGAS ESTÁ REALMENTE CRESCENDO?

O Brasil apresenta taxa crescente de consumo de drogas ilícitas. Tais taxas já estão estáveis na Europa e Estados Unidos. A ONU estima que o número de usuários de drogas aumente em 10% por ano no Brasil. Isso mostra uma falência de nossa política de combate às drogas. O Dr. Ronaldo Laranjeira tem uma teoria para explicar esses dados. Aqui, há dez anos, o Ministério da Saúde adota a política de redução de danos. Se vai usar, que use de uma forma menos lesiva. É preferível usar maconha que crack. Mas não existe droga segura. A própria maconha - considerada tão inocente - aumenta o risco de transtornos mentais graves como a esquizofrenia. Pelo menos 12% dos casos de esquizofrenia na Inglaterra foram desencadeados pelo uso de maconha. Há piora do desempenho escolar, aumenta as chances de transtornos mentais - especialmente a esquizofrenia - e diminui o pique para fazer as coisas (síndrome amotivacional). O uso da maconha também causa ansiedade e depressão. E o Ministério da Saúde não divulga isso.

O QUE É PREVENÇÃO PRIMÁRIA?
Prevenção primária é evitar o primeiro contato com a droga. É a medida mais eficaz para reduzir incidência de dependência química, já que a taxa de dependentes que conseguem interromper o uso varia de 30 a 40% apenas.

Quando falamos em prevenção primária devemos ter em mente que a primeira droga a ser experimentada é o álcool, depois o cigarro e em terceiro lugar a maconha. A maconha é a droga ilícita que funciona como porta de entrada para outras drogas. Por isso dei ênfase a essas 3 drogas.

1- ÁLCOOL:



Álcool é a droga preferida dos brasileiros (68,7% do total), seguido pelo tabaco, maconha, cola, estimulantes, ansiolíticos, cocaína, xaropes e outros.

No País, 90% das internações em hospitais psiquiátricos por dependência de drogas, acontecem devido ao álcool.

Não há ainda certeza científica, mesmo que aproximada, sobre qual fator é o mais determinante na etiologia do alcoolismo. Estudos apontam evidências para as várias condições, mas sem conclusão definitiva.

Fatores genéticos: familiares próximos apresentam um risco quatro vezes maior que indivíduos que não têm familiares alcoolistas; o gêmeo idêntico de um indivíduo com problemas de alcoolismo apresenta maior risco que um gêmeo fraterno; e filhos de alcoolistas que foram adotados têm o risco quatro vezes maior de apresentar alcoolismo, mesmo que separados dos pais após o nascimento. Indivíduos que um dos pais é ou foi alcoolista têm alto risco para o alcoolismo.

A idade do primeiro drinque (13-15 anos), a idade da primeira intoxicação (15-17 anos) e a idade do primeiro problema relacionado ao consumo de álcool (16-22 anos) observados em indivíduos que desenvolveram alcoolismo, não diferem basicamente do esperado da população geral que não tem problema posterior de abuso ou dependência de álcool.

Pelo menos 2,3 milhões de pessoas morrem por ano no mundo todo devido a problemas relacionados ao consumo de álcool, o que totaliza 3,7% da mortalidade mundial, segundo um relatório elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Motoristas alcoolizados são responsáveis por 65% dos acidentes fatais em São Paulo.

O alcoolismo é a terceira doença que mais mata no mundo. Além disso, causa 350 doenças (físicas e psiquiátricas) e torna dependentes da droga um em cada dez usuários de álcool.
É a substância psicoativa mais consumida no mundo.

O álcool é absorvido em sua maior parte no intestino delgado e é metabolizado pelo fígado até seu produto final, o acido acético.No cérebro o álcool age como um depressor do sistema nervoso central. Em uma concentração de:
0.05%: pensamento, julgamento e autocontenção estão alterados.
0.1%: prejuízo nas ações motoras voluntárias.
0.2%: A área motora do cérebro é deprimida, perdendo-se o controle das atividades, alterações emocionais.
0.3%: confusão e estupor.
0.4%: coma.
Em níveis acima de 0.5% pode ocorrer parada respiratória e morte.
Também ocorre:
Fragmentação e diminuição do sono profundo
quadros psicóticos, depressivos e ansiosos
“black out” (amnésia lacunar)
fígado: esteatose hepática, hepatite alcóolica e cirrose hepática
esôfago: esofagite
estômago: gastrite, úlcera, má absorção de nutrientes (anemia por deficiência de vitamina B12)
pâncreas: insuficiência pancreática, pancreatite
coração: aumento da pressão arterial, taquicardia e arritimias
disfunção sexual.

Síndrome fetal alcoólica: microcefalia, ma formação crânios-faciais e defeitos nos membros e no coração dos bebês. Na idade escolar, estas crianças podem apresentar comportamentos mal adaptativos e dificuldades no aprendizado.

DELIRIUM TREMENS: a síndrome de abstinência pode evoluir para um quadro perigoso caracterizado por alucinações visuais e táteis, alternância entre lentificação e agitação psicomotora, sudorese, aumento da freqüência cardíaca e pressão arterial. Indivíduos que apresentarem estes sintomas devem ser levados imediatamente para um serviço médico de emergência, pois o quadro pode evoluir para coma e até óbito.

2- TABACO:



No Brasil, cerca de um quarto da população adulta fuma. A busca de novas emoções, de integração com grupos de pares e de questionamento de padrões e regras aliada à falta de informação adequada sobre o assunto, leva os jovens a iniciar o hábito de fumar. Somente uma pequena minoria de fumantes consegue fumar moderadamente, devido ao alto potencial de dependência causada pela nicotina. 90% dos fumantes que tentam parar de fumar, a cada ano, falham nos seus esforços.

A OMS estima que aproximadamente um terço da população com 15 anos ou mais fume (47% dos homens e 12% das mulheres, com 15 anos ou mais). Felizmente esse número tende a se reduzir devido às campanhas e novas leis, que proíbem o cigarro em muitos ambientes.

A droga que causa dependência no tabaco é a nicotina e os processos farmacológicos e comportamentais que determinam a dependência ao tabaco são similares àqueles que determinam a dependência de outras drogas como a heroína e a cocaína. Inicialmente se busca os efeitos benéficos da nicotina mas o que mantém o indivíduo fumando é o alívio dos sintomas de abstinência.

Efeitos tóxicos:
A fumaça do cigarro contém um número muito grande de substâncias tóxicas ao organismo. Entre as principais, citamos a nicotina, o monóxido de carbono e o alcatrão. O uso intenso e constante de cigarros aumenta a probabilidade de ocorrência de algumas doenças, como pneumonia, câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, boca, estômago etc.), infarto de miocárdio, bronquite crônica, enfisema pulmonar, derrame cerebral, úlcera digestiva e efeitos como náuseas, dores abdominais, diarréia, vômitos, cefaléia, tontura, braquicardia e fraqueza.
Quando a mãe fuma durante a gravidez, “o feto também fuma”, recebendo as substâncias tóxicas do cigarro através da placenta. A nicotina provoca aumento do batimento cardíaco no feto, redução de peso no recém-nascido, menor estatura, além de alterações neurológicas importantes. O risco de abortamento espontâneo é maior. As substâncias tóxicas do cigarro são transmitidas para o bebê através do leite materno.

Os poluentes do cigarro dispersam-se pelo ambiente, fazendo com que os não fumantes próximos ou distantes dos fumantes inalem também as substâncias tóxicas. Estudos comprovam que filhos de pais fumantes apresentam incidência três vezes maior de infecções respiratórias (bronquite, pneumonia, sinusite) do que filhos de pais não-fumantes.

3- MACONHA:



Os efeitos do principal constituinte ativo da cannabis (THC) sobre a ansiedade parecem ser dose-dependente: com baixas doses é ansiolítico (reduz ansiedade) e em doses mais altas sendo ansiogênico (aumenta ansiedade). O canabidiol apresenta propriedades ansiolíticas.

Jovens portadores de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) relatam um efeito calmante proporcionado pela maconha, reduzindo sua inquietação interna. Este efeito reforça a hipótese da automedicação dos sintomas de TDAH como um fator de risco para o desenvolvimento de abuso/dependência de drogas.

A cognição se refere a habilidade de pensar. Os processos cognitivos incluem a percepção visual, auditiva e tátil, a atenção sustentada a determinada tarefa, à memória, julgamento, capacidade de resolver problemas e funções executivas (estabelecimento de objetivos, capacidade de planejamento, iniciativa, controle dos impulsos, monitoramento, avaliação de riscos, conseqüências do comportamento e flexibilidade mental).

Há alterações no funcionamento cerebral e neuropsicológico dos usuários crônicos de maconha, mais especificamente em atenção, memória, aprendizagem, funções executivas, tomada de decisões, funcionamento intelectual e funções psicomotoras, mesmo após um mês de abstinência.

Maconha antes de guiar dobra risco de acidente

Uma pesquisa da Universidade Dallhouse (Canadá) mostrou que fumar maconha até três horas antes de dirigir aumenta o risco de acidente em duas vezes em comparação com motoristas que não consumiram álcool ou outras drogas.


4- COCAINA:



Aspirada, fumada ou injetada na veia, a cocaína "entope" os receptores que reabsorvem a dopamina, deixando-a por mais tempo na sinapse e perpetuando a sensação de prazer.
Tem efeito euforizante, mas o metabolismo do cérebro cai muito com seu uso, pois diminui a quantidade de oxigênio em zonas importantes.
O cérebro do usuário de cocaína é embotado, muito pobre em termos de estímulos. Atualmente, há recursos que permitem avaliar o funcionamento cerebral e deixam claro o enorme contraste existente entre o cérebro normal, rico e vivo que consome bastante glicose, por exemplo, e o do usuário de cocaína, que se mostra alterado substancial e principalmente nas regiões frontais, ou seja, nas regiões do pensamento, do controle dos estímulos e da impulsividade. Isso explica em parte o comportamento impulsivo.

Doses maiores de dopamina provocam sintomas paranóides à semelhança do que ocorre com as anfetaminas (medicações para emagrecer). O usuário se tranca no banheiro, imaginado que a polícia vai invadir o local e prendê-lo.É um quadro semelhante ao da esquizofrenia paranóide.
A diminuição do oxigênio especialmente nas regiões frontais provocada pelo uso crônico da cocaína produz alterações que não se recuperam mesmo depois de vários anos de abstinência.
Memória, concentração, capacidade de elaborar pensamentos complexos, de ponderar são funções seriamente prejudicadas. O usuário é impulsivo, busca o prazer imediato, não se articula para retardar as conseqüências de seu comportamento, deixando claro os danos que a droga causa no cérebro.

O crack é um derivado da cocaína. Seu baixo custo torna-o atraente para o consumo.No começo dos anos 80 a pasta de coca foi transformada numa forma nova chamada base livre, que permite a volatilização (transformação em vapor) da cocaína, permitindo com que a cocaína pudesse ser fumada.
A cocaína inalada em pó é uma apresentação sólida que se dissolve na mucosa nasal antes de ser absorvida – isso significa que o início do efeito demora mais. Os vapores do crack vão para os pulmões e são transportados para a corrente sanguínea mais rapidamente (10 segundos) conferindo maior rapidez de sensação psicotrópica, a sensação contudo é a mesma da cocaína bem como os demais efeitos.
O nome crack é derivado do ruído característico que é produzido pelas pedras quando estão sendo queimadas.Por ser barato alcança classes econômicas antes não atingidas pelo alto custo da cocaína em pó.
O crack tem efeito de duração menor que a cocaína inalada, mas como inicia muito mais rápido e mais intensamente que a cocaína há uma espécie de compensação psicológica pelo efeito. Após 12 anos de uso, a mortalidade é de quase 40%, a maioria por causa da violência.